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Serra: redução do juro é positiva, mas não é suficiente

Por Anne Warth
Atualização:

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), classificou hoje de positiva a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir a taxa básica de juros (Selic) de 12,75% para 11,25% ao ano, mas disse que a queda não é suficiente (para a retomada do crescimento). "Eu achei positivo. Antes tardíssimo do que nunca. Superamos seis meses de inércia nessa matéria. O Brasil perdeu muito tempo e está pagando muito alto pelo fato de esses juros não terem baixado antes. Agora que baixou 1,5 ponto porcentual eu acho positivo. Embora tardíssimo, é melhor do que nunca", disse ele, após reunir-se no início da noite de hoje com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no Palácio dos Bandeirantes. O governador ponderou que a queda da Selic "não é suficiente, mas razoável". Para ele, é preciso que o comitê do BC reúna-se com maior frequência do que o atual intervalo de 45 dias. "Eu acho que ele tem de se reunir com mais frequência. E aí examina a situação e pode ir adotando medidas, inclusive reduções adicionais (dos juros) que se fizerem necessário", sugeriu. Para o governador, a Selic já poderia estar no nível de um dígito (abaixo de 10%) há muito tempo, uma vez que a desvalorização do real não trouxe grande impacto à inflação e os preços dos alimentos e das matérias-primas caíram desde o início da crise. "A economia está em queda. É muito grave. A mais forte que houve nas últimas décadas. Eu tenho impressão de que só no primeiro semestre do governo Collor a contração foi tão grande. Há muitos anos a economia não atravessava um quadro de declínio como a atual, e em grande parte, isso foi pela inércia do BC", apontou o governador. "Acho muito positivo que o BC tenha quebrado essa inércia e espero que ele se mantenha ativo", acrescentou. Serra cobrou ainda a criação, pelo BC, de mecanismos de aval para a expansão e a retomada do crédito no país. "Esse mecanismo só pode ser feito com a cooperação estreita do BC", afirmou. Para o governador, o crédito é o "problema número 1" do País atualmente e a queda da produção industrial está diretamente ligada a isso. Apesar das cobranças de que a redução da taxa básica de juros se mantenha nos próximos meses, o governador disse não acreditar na possibilidade de que o País cresça neste ano. "Eu acho difícil" afirmou. "Dificilmente a economia vai se expandir do ponto de vista real. Torço para isso", acrescentou.

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