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Serviço financeiro une teles e fintechs

A partir da soma do alcance das operadoras com a tecnologia de startups, objetivo é atender a clientes que não têm conta em banco

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:

As teles nacionais – Oi, Claro, Vivo e TIM – estão se articulando para firmar parcerias com fintechs, de olho no crescente mercado de serviços financeiros. Para as operadoras, os acordos são uma chance de diversificar receitas, enquanto as fintechs podem ganhar escala rapidamente ao ter acesso a bases com milhões de clientes ativos. A possibilidade de unir essas duas pontas já era tendência há algum tempo, mas a pandemia de coronavírus e o sistema de pagamentos eletrônicos Pix dão força a esse processo. 

Com o pagamento de auxílio emergencial a quase 60 milhões de brasileiros nos últimos meses, por meio do site e de aplicativos desenvolvidos pela Caixa Econômica Federal, um novo público foi apresentado aos serviços financeiros digitais. O tamanho do programa de distribuição de renda também evidenciou que o sistema bancário tradicional deixa muita gente de fora. E é aí que entram as fortalezas das teles e das startups financeiras. 

Auxílios pagos na pandemia apresentaram clientes a serviços financeiros digitais Foto: Gabriela Biló/ Estadão - 5/10/2017

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“Nunca houve um processo de bancarização tão acelerado quanto na quarentena”, afirma o diretor de estratégia e transformação da Oi, Rogério Takayanagi. Em sua avaliação, o movimento vai facilitar o uso das plataformas das operadoras para distribuição de conteúdos digitais, especialmente os financeiros. “As teles estão voltando ao seu papel de distribuição de serviços.”

A expectativa se baseia no fato de que há no País cerca de 45 milhões de pessoas sem conta bancária. Deste contingente, porém, 60% têm celular com acesso à internet. Ou seja: ao menos 27 milhões teriam condições de abrir uma conta digital de custo baixo.

Em meio a esse contexto, a Oi e a fintech Conta Zap estão firmando uma parceria para o desenvolvimento de um serviço de conta digital, destinada a atender o público de menor renda. O acordo teve início com um projeto piloto, com ações de cunho social para distribuição de doações a pessoas afetadas pela crise. O lançamento comercial do produto deve ocorrer no curto prazo, segundo Takayanagi.

O vice-presidente de estratégia e transformação da TIM, Renato Chiuchini, afirma que a pandemia deixa como legado a introdução dos brasileiros às contas digitais. “O auxílio emergencial acelerou a digitalização da base da pirâmide da população numa velocidade rápida e inesperada. Essas pessoas, ao perceberem que contas digitais têm menos custos e burocracias, vão ficar. Vai ser positivo para os setores.”

Antes da pandemia, a TIM fechou acordo com o banco digital C6. Por meio desse contrato, a tele poderá atingir participação de até 15% na fintech. Esse porcentual evoluirá à medida em que a TIM direcione clientes para o C6. Na plataforma, eles podem fazer operação de recarga de pré-pago, pagamento de fatura do pós-pago ou abrir uma conta. Desde julho, mais de 200 mil novas contas foram abertas no banco.

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Pix

Outro ponto que anima teles e fintechs é a chegada do Pix. A ferramenta de pagamentos digitais instantâneos tem tudo para ser a isca para a oferta de mais serviços, como financeiros, educação à distância e teleconsultas, por exemplo.

“Estamos trabalhando para buscar parcerias e oferecer vários serviços financeiros, como pagamentos por celular, crédito, investimentos, seguros, correspondentes bancários. Vamos ver como vai ser a adesão dos usuários ao Pix”, afirma o diretor de serviços financeiros da Claro, Maurício Santos. “Vamos oferecer nossa marca, conectividade, canais de vendas e atendimento e conhecimento do cliente. As fintechs entram com a operação financeira.”

A Claro já lançou o SmartCred, serviço de crédito pessoal com parcelamento em até três anos, em parceria com o Banco Inbursa, do mesmo dono da Claro, Carlos Slim. Segundo Santos, os novos acordos podem vir a ser fechados com qualquer agente, sem exclusividade com o Banco Inbursa.

Na mesma linha, a Vivo tem a meta de oferecer mais serviços financeiros em parcerias com fintechs e vê a chegada do Pix como uma janela de oportunidade. “Teremos a marca e a responsabilidade de captar o cliente. A operação é com a instituição financeira”, diz o diretor de serviços digitais e Inovação, Rodrigo Gruner.

O Vivo Money, de crédito pessoal, é o primeiro passo da companhia no ramo. O piloto do serviço foi ofertado de agosto de 2019 até abril de 2020, mas só para os clientes de planos controle ou pós-pago. O lançamento está previsto para ocorrer ainda este ano. 

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