Publicidade

Serviços têm a menor expansão em três anos

Receita nominal do setor avançou 6% em 2014, sem considerar osaumentos de preços; em termos reais, queda é calculada entre 1,1% e 2,5%

Por Idiana Tomazelli e RIO
Atualização:

O setor de serviços apresentou em 2014 o pior desempenho em três anos, período em que a Pesquisa Mensal de Serviços passou a ser apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A receita nominal avançou 6% no ano passado, sem descontar a perda causada pelo aumento de preços. Em 2013, o setor havia tido expansão de 8,5% na receita bruta. A magnitude da desaceleração, mais evidente a partir do segundo semestre, levou entidades e consultorias a calcular que os serviços tiveram retração no ano passado, considerada a inflação do período. Nas contas da consultoria Tendências, o recuo foi de 1,1% em termos reais. Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o tombo foi maior, de 2,5%. O IBGE, porém, não crava nenhuma avaliação. O próprio instituto divulgou que, em 2014, a inflação oficial ficou em 6,41%, e o aumento dos preços de serviços foi de 8,32%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas o emprego mais adequado dos índices de preços para obter um dado de volume de serviços, que vai permitir visualizar a evolução do setor independentemente do efeito da inflação, ainda está em estudo. "Temos de ter cuidado. Não temos ainda como fazer uma interpretação, pois não temos os dados deflacionados", afirmou o técnico Roberto Saldanha, da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Os segmentos de informação e comunicação e de transportes foram os que mais desaceleraram no ano passado, diante da menor demanda de empresas e governos, disse Saldanha. Juntas, as atividades detêm o maior peso no índice. Pontualmente em dezembro, os transportes ensaiaram uma recuperação, com aumento na receita de transportes de carga e de passageiros por via terrestre. Mesmo assim, acabaram o ano com avanço de 6,4% na receita nominal. Já nos serviços de informação e comunicação, houve queda na receita bruta no último mês do ano. Isso significa que, antes de descontar os efeitos da inflação, a atividade já estava no vermelho. No acumulado do ano, o segmento teve o pior resultado, com alta de 3,4% na receita. "O setor de serviços atua de forma complementar ao setor industrial, ao setor comercial, aos governos. Uma vez que se verificou desaceleração nesses outros setores, os serviços acompanham esse desaquecimento", disse Saldanha. As famílias também puxaram o freio de mão e contribuíram para que o setor de serviços avançasse a passos mais lentos em 2014. A alta de 9,2% no ano passado foi inferior ao registrado em 2013 (10,2%). Apenas no mês de dezembro, a receita nominal dos serviços avançou 4,2% ante igual mês de 2013, depois de ter apresentado um mínimo histórico em novembro. Para o economista Rafael Bacciotti, da Tendências, a perda de vigor da atividade de serviços reflete os condicionantes de demanda menor do mercado de trabalho, que tem oferecido menos vagas, e também sofre influência da desaceleração da renda real, da restrição do crédito às famílias e da confiança dos consumidores, que está deprimida. "Isso tem se amplificado para alguns setores. Há um enfraquecimento do consumo e também vemos que a parte da atividade industrial vem demandando menos serviço", afirmou Bacciotti. / COLABORARAM MARIA REGINA SILVA E KARLA SPOTORNO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.