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Serviços têm alta de 1,7% em junho e atingem maior patamar desde 2016

Setor está 2,4% acima do nível pré-pandemia e acumula avanço de 4,4% em três meses seguidos de crescimento, aponta o IBGE

Foto do author Cicero Cotrim
Por Daniela Amorim (Broadcast) e Cicero Cotrim (Broadcast)
Atualização:

RIO e SÃO PAULO - O volume de serviços prestados no País cresceu 1,7% em junho ante maio, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, informou nesta quinta-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O avanço fez o setor acumular um ganho de 4,4% em três meses seguidos de crescimento. Com o resultado, o volume de serviços prestados está 2,4% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, e alcança o patamar mais elevado em cinco anos, desde maio de 2016.

"O setor de serviços é agora o principal motor de crescimento, já que o setor industrial tem apresentado dificuldades com questões de cadeias de suprimentos (em particular a falta de semicondutores)", escreveu o economista Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs, em relatório.

O bom desempenho de junho superou a previsão mediana de avanço de 0,4% esperada por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast.

Todas as cinco atividades de serviços registraram avanços em relação a maio, com destaque para as expansões nos serviços de informação e comunicação (alta de 2,5%, alcançando o patamar mais alto da série histórica iniciada em janeiro de 2011), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,7%, para o nível mais elevado desde maio de 2015) e serviços prestados às famílias (8,1%, para o maior patamar desde fevereiro de 2020). Também houve avanços nos serviços profissionais, administrativos e complementares (1,4%) e nos outros serviços (2,3%).

Para o economista Helcio Takeda, da consultoria Pezco Economics, a força demonstrada pelos serviços mostra que a reabertura da economia traz riscos para a inflação do setor no ano, à medida que os serviços prestados às famílias acelerem o ritmo de recuperação.

“A atividade de serviços voltou ao nível de 2016, mas a inflação acumulada de serviços ainda está relativamente baixa, o que pode ser explicado pela ociosidade dos serviços prestados às famílias”, justificou Takeda. “À medida que essa ociosidade vai fechando, tem um risco potencial de a inflação de serviços voltar a pressionar e adicionar mais um fator de preocupação para a inflação geral”, acrescentou.

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Embora afirme que o aumento da inflação e dos juros no Brasil possa limitar o crescimento dos serviços em 2021, Alberto Ramos corrobora que a expectativa ainda é de recuperação.

"Esperamos que alguns dos setores ainda impactados pela covid (em particular serviços às famílias) se recuperem nos próximos meses, em linha com novos progressos do programa de vacinação contra a covid, reabertura da economia, e estímulos fiscais renovados", enumerou o economista do Goldman Sachs.

O segmento de serviços prestados às famílias, que inclui os restaurantes, cresceu 8,1% em junho. Foto: Alex Silva/Estadão - 24/4/2021

A recuperação dos serviços tem sido disseminada, mas nem todas as atividades pesquisadas já recuperaram todas as perdas da pandemia. Em junho, os transportes operavam 7,5% acima do nível pré-crise sanitária, enquanto os serviços prestados às famílias ainda estavam 22,8% abaixo. Os serviços de informação e comunicação estão 9,8% acima do pré-covid, e o segmento de outros serviços está 7,6% além, mas os serviços profissionais e administrativos estão 0,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

Entre os segmentos que vêm alavancando o volume de serviços prestados na economia estão empresas de tecnologia da informação, corretoras de investimentos e consultoria empresarial, apontou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços no IBGE. Segundo ele, essas empresas são intensivas em capital, mas pouco intensivas em mão de obra, o que limitaria o efeito multiplicador dos bons resultados pelo restante da economia.

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“Esses efeitos não vão se multiplicar na economia, chegam pouco às famílias, porque essas empresas não são grandes contratadoras de mão de obra. As empresas de serviços prestados às famílias e do turismo são mais intensivas em mão de obra e dependem de consumo das famílias”, opinou Lobo.

O pesquisador do IBGE aponta que houve avanços relevantes também nos segmentos de transporte de carga, logística e armazenamento de mercadorias, que tiveram suas atividades impulsionadas pelas exportações, mas também pelo crescimento do comércio eletrônico.

“Empresas de transporte tiveram ganho de receita pela exportação de commodities”, citou Lobo, mencionando as exportações brasileiras de minério, petróleo, grãos e carnes congeladas.

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De acordo com Lobo, as empresas que mais têm se destacado no setor de serviços são as que oferecem serviços para outras empresas, públicas e privadas, mas não diretamente para as famílias.

“A gente tem um movimento de recuperação daqueles serviços mais de caráter presencial, serviços prestados às famílias, transportes de passageiros, serviços ligados ao turismo. Mas as atividades de caráter presencial ainda operam abaixo do patamar de fevereiro de 2020. Aqueles que não foram afetados, de outra forma foram até beneficiados pela pandemia, são os que alavancam os serviços para esse patamar mais elevado em cinco anos”, afirmou Lobo.

O pesquisador do IBGE avalia que a persistência da pandemia, o elevado nível de desemprego e a restrição de renda das famílias ainda freiam a recuperação de serviços presenciais.

“O auxílio emergencial dá alívio temporário para as famílias que recebem essa renda, mas é direcionada ao consumo de itens essenciais, aos supermercados. As pessoas que recebem não vão consumir boa parte dessa renda extraordinária em restaurantes, hotéis. Os serviços não foram beneficiados em nenhum momento pelos recursos advindos do auxílio emergencial, nem quando começou”, disse Lobo.

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