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Servidores da Receita se irritam com norma que os obriga a passar pelo raio X em aeroporto

Desde o fim do ano, Anac obriga que auditores fiscais que trabalham em aeroportos passem por uma revista física antes de ocuparem seus postos na aduana

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Uma norma editada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) irritou os auditores da Receita Federal. Desde o fim do ano, a agência obriga que os auditores fiscais que trabalham em aeroportos passem por uma revista física antes de ocuparem seus postos na aduana. Apenas policiais federais estão liberados da inspeção. A norma havia sido editada em 2013, mas estava suspensa por liminar, que caiu em novembro do ano passado.

O assunto já foi levado ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e ao secretário especial da Receita, Marcos Cintra. Os servidores da Receita reclamam que a revista física é inconstitucional e vai na contra-mão do que é praticado em outros países, o que a Anac nega.

Apenas policiais federais estão liberados da inspeçãode raio-X Foto: Werther Santana|Estadão

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Segundo os servidores da Receita, esse tipo de inspeção nunca foi realizada, nem mesmo em eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. Eles afirmam que o processo de vistoria é demorado e que, com isso, acumulam-se “alvos perdidos”, como bagagens liberadas sem fiscalização do órgão.

“A situação nos aeroportos está trazendo um grande prejuízo no controle da fiscalização aduaneira e tem trazido atraso em toda a cadeia operacional do aeroporto. O servidor passa no raio x quatro, cinco vezes por dia para entrar e sair da área restrita, mas tem objetos que não são permitidos, como arma e canivetes, então tem que ser revistado ou o servidor terceirizado acaba tendo que chamar a Polícia Federal”, afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco), Kleber Cabral.

A categoria também reclama porque são funcionários terceirizados das concessionárias que administram os aeroportos os responsáveis por vistoriar os auditores fiscais, o que leva, segundo eles, a uma “inversão” em que o servidor público é fiscalizado pelo funcionário privado. “É uma necessidade do serviço, ninguém se acha melhor do que ninguém. Tem que ter o credenciamento prévio e exigência de identificação, como em outros países, mas não inspeção”, completa.

A Anac defende que a inspeção de segurança em aeroportos é um procedimento padrão, utilizado por diversos países em todo o mundo. “O objetivo da medida é assegurar os níveis de segurança dos aeroportos, que é dever de todos que ali trabalham”, afirmou a agência, em nota.

De acordo com o órgão, todos os que trabalham na área restrita do aeroporto são fiscalizados, inclusive servidores da própria Anac, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e tripulantes dos vôos.

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Resposta

A Receita Federal informa que o órgão está em busca de solução definitiva visando superar os prejuízos causados pelas Resoluções nº 207/2011 e 278/13, da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), “que tem submetido servidores da instituição à inspeção durante o desempenho das atividades de fiscalização aduaneira nos aeroportos, contrariando a prática internacional, a lógica e o bom senso”;

Segundo o órgão, Japão, Itália, Rússia, Canadá, Argentina, Uruguai, França, Bélgica, Holanda e até mesmo os Estados Unidos - país que adotou severíssimas medidas de segurança em seus aeroportos após o episódio das “torres gêmeas” - não submetem os servidores de suas aduanas a esse tipo de inspeção.

De acordo com o Fisco, jamais houve um único caso registrado em toda a história que pudesse ensejar a mera alegação de que servidores da Receita Federal, no exercício de suas atividades nos aeroportos do País, devessem ser incluídos como “um risco” para a segurança dos aeroportos.

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