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Setor agrário argentino mantém protesto após mudança de imposto

Por NICOLÁS MISCULIN
Atualização:

O conflito entre produtores agrícolas e o governo argentino ganhou mais um capítulo na sexta-feira, apesar da mudança anunciada na véspera para os impostos de exportação de grãos. Entretanto, uma das entidades rurais que comandam a paralisação destacou a mudança de atitude oficial, em um gesto conciliador que demonstra uma diferença com os demais dirigentes. A gestão da presidente Cristina Fernández de Kirchner, desgastada depois de quase três meses de protestos, anunciou na quinta-feira mudanças no imposto sobre as exportações, mas a medida foi considerada insuficiente pelo setor, que ratificou a atual paralisação comercial. Apesar de vários dirigentes agrários terem afirmado que o anúncio oficial não mudava em nada a situação, Fernando Gioino, presidente da Coninagro -- uma das associações que sempre se mostrou mais disposta a negociar --, considerou na sexta-feira que a atitude do governo pode melhorar o diálogo. "Começou-se a conhecer uma posição distinta por parte do governo, e começaram-se a corrigir os erros. Tomara que isso seja o início para podermos dialogar", disse Gioino a uma rádio local. A Coninagro já tinha mostrado diferenças com as outras três entidades em conflito e a imprensa argentina chegou a divulgar no passado que ela abandonaria o grupo, o que fortaleceria a posição do governo. O setor agropecuário argentino deu início na quarta-feira à terceira paralisação em menos de três meses contra o esquema para as exportações adotado em março, que elevou a taxa sobre a soja, o cultivo mais importante do país. Ante a resistência do setor, o governo reduziu na quinta-feira a alíquota sobre as vendas externas agrícolas, mas apenas quando o preço dos grãos alcançar um nível muito superior ao atual. "Pode-se dizer qualquer coisa, mas não que o governo tem se mantido inflexível. O governo tem corrigido coisas escutando as observações que recebe", disse à Rádio Mitre o chefe do gabinete, Alberto Fernández, que tachou os dirigentes rurais de "inflexíveis e intolerantes". Em uma nova rodada de protestos, que pode aprofundar a crise e afetar as exportações argentinas de grãos, as quatro entidades rurais convocaram outros setores da sociedade a juntar-se a eles na segunda-feira.

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