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Setor agrícola do Mercosul rejeita proposta de acordo da Europa

Comissão Europeia elevou sua oferta de abertura de seu mercado de 70 mil toneladas para 99 mil toneladas; impasse já dura 19 anos

Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:

GENEBRA – Produtores agropecuários do Mercosul se recusam a aceitar a proposta feita pela União Europeia de abertura de seu mercado e alertam que acordo final entre os dois blocos pode ficar desequilibrado. 

Na noite de segunda-feira, em Bruxelas, a Comissão Europeia elevou sua oferta de abertura de seu mercado de 70 mil toneladas para 99 mil toneladas de carnes no Mercosul. O tema era central para destravar o impasse no processo que já dura 19 anos. 

Brasil e Argentina são os países do Mercosul que mais procuraram abrir suas economias Foto: AFP / Andres Larrovere

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A proposta, que está sendo alvo de negociações hoje em Bruxelas por parte do chanceler Aloysio Nunes Ferreira, foi alvo de dura crítica por parte das entidades que representam o setor agropecuário no Mercosul, entre eles a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Sociedade Rural Brasileira.

“A oferta de 99 mil toneladas de carne não cumpre o mandato de 2010 e não contempla a ambição do setor no Mercosul”, disseram os grupos, que ainda apontaram para a “falta de informação” sobre o restante das condicionalidades. “A oferta não atende às expectativas do setor agropecuário do Mercosul”, insistiram as entidades, num documento assinado por Gedeão Silveira Pereira e enviado aos ministros dos quatro países.

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A demanda do setor é de que a cota seja estabelecida inicialmente em 100 mil toneladas e que haja um incremento anual até atingir 160 mil toneladas por ano. 

Transparência. O setor agropecuario também criticou a falta de “transparência” do processo. Em Bruxelas, os negociadores do Mercosul não informaram aos produtores sobre a nova oferta. 

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“Confiávamos que os governos do bloco buscariam um acordo amplo e equilibrado, que trouxesse reais benefícios para os produtores rurais sul-americanos e causariam o mínimo de dano possível”, disseram as entidades na carta. “Em vista à nova oferta da EU, essa realidade infelizmente parece estar mais distante”, apontaram. 

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“Não somente temos sido privados de conhecer a realidade das negociações, mas também estamos receosos do que pode ser concedido pelos nossos governos em termos de acesso de produtos subsidiados ao nosso mercado, em prol de um fechamento de acordo a qualquer custo”, afirmaram. 

“Nesse momento crucial do processo negociador, todas as cartas precisam ser colocadas na mesa, com transparência”, cobrou o setor. “Afinal, o setor privado será o real impactado com os termos negociados pelos nossos governos”, completaram as entidades. 

O governo brasileiro garante que o setor privado tem sido informado com frequência de todos os passos da negociação e que sempre existe representantes de empresas nas cidades onde ocorrem as negociações. 

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