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Setor agrícola pede mais agressividade na Alca

Por Agencia Estado
Atualização:

Representantes do setor agrícola brasileiro defenderam hoje maior agressividade nas ofertas sobre a liberalização do comércio de bens que serão encaminhadas neste mês pelo Mercosul à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e à União Européia (UE). O setor entregou um documento ao ministro das Relações Exterior, Celso Amorim, no qual enfatiza que o Mercosul deverá incluir todo o universo tarifário nas propostas e evitar posições defensivas nessas negociações. Texto similar foi entregue ontem ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "É do interesse do setor privado a apresentação de uma oferta ofensiva na área de bens agrícolas, pois isto credencia os países do Mercosul a solicitar reciprocidade na abertura dos mercados agrícolas de outros países", assinala o documento. "O Brasil não pode abrir mão de uma posição ofensiva na negociação. Deve ofertar a desgravação imediata e solicitar reciprocidade aos demais parceiros da Alca". O relatório diz que o Fórum Permanente de Negociações Agrícolas Internacionais, que é integrado pelas principais entidades do setor, já remeteu ao governo a proposta de redução tarifária para todos os 967 itens agrícolas, tanto para a Alca como para a UE. Segundo o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antonio Donizetti Beraldo, essa sugestão teria sido aceita pelo governo brasileiro integralmente, mas sua agressividade tenderá a ser diminuída pelos demais sócios do Mercosul, especialmente pela Argentina. Segundo ele, Amorim afirmou durante o encontro de hoje que a oferta inicial para a Alca ainda se mostrava tímida, mas que o Brasil se esforçará para torná-la mais robusta até quarta-feira, quando deve ser finalizada. A proposta será remetida à Alca no próximo dia 15. Em relação à Alca, o setor agrícola ressaltou duas preocupações. A primeira, que o Mercosul se oriente com base nas cadeias produtivas e inclua na oferta a abertura do segmento de insumos agrícolas. A segunda, diz respeito à dificuldade na harmonização das posições do bloco sobre o açúcar - produto que continua excluído das regras do Mercosul. Nesse caso, o Brasil insiste em reduzir para zero a tarifa do produto o mais rápido possível, mas a Argentina quer incluí-lo na lista dos que serão liberados em prazo superior a dez anos. O Fórum propõe que cada país do Mercosul apresente ofertas individuais sobre o produto - o que tenderá a fragilizar ainda mais a estratégia dos quatro países de negociação da Alca como um único bloco. "Não podemos, em nome de uma unidade, tratar o açúcar como produto sensível. Isso nos traria prejuízos no acesso ao mercado americano, que tenderia a manter o produto na mesma condição", afirmou Donizetti. Nas negociações entre o Mercosul e a UE, o setor agrícola criticou o fato de a oferta inicial do bloco sul-americano, entregue em 2001, ter sido "demasiadamente defensiva". Os representantes do Fórum insistiram que, no dia 28 deste mês, o Mercosul encaminhe uma nova proposta, dessa vez mais ambiciosa, mas que exija como contrapartida o efetivo acesso do produto agrícola brasileiro ao mercado europeu, por meio das reduções tarifárias e da ampliação das cotas tarifárias. Igualmente exigem a eliminação de subsídios à exportação e de disciplina desse comércio.

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