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Setor 'diet' explode nos EUA com consumidores querendo perder os quilinhos pandêmicos

Má alimentação causada pelo período em isolamento começa a incomodar os americanos, que já se aventuram a sair de casa e voltar à vida pública

Por Julie Cresswell
Atualização:

Talvez tenha sido a pizza congelada. Ou os lanchinhos de queijo que ela mordiscava sem pensar enquanto trabalhava em casa no ano passado. Ou aqueles malditos cookies. Seja qual tenha sido a causa, Jessica Short subiu na balança nesta primavera e descobriu que estava pesando 11 quilos a mais do que antes da pandemia. “Tive de sair de casa por vários dias seguidos e percebi que nenhuma das minhas calças servia”, diz Jessica, 39 anos e moradora de Lansing, Michigan.

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Decidida a não comprar um guarda-roupa totalmente novo, Jessica se inscreveu em seu primeiro programa de perda de peso no início de abril. Em três semanas, perdeu dois quilos e meio usando o aplicativo Noom. “Meu objetivo é perder todos os 11 quilos”, diz.

Enquanto algumas pessoas passaram o ano da pandemia criando refeições saudáveis ou fazendo exercícios por horas, muitas outras tentaram controlar a ansiedade e o tédio por meios menos saudáveis. 

Após meses em casa, Jessica Short percebeu que roupas estavam apertadas e que ganhara 11 kg. Foto: Ilana Panich-Linsman/The New York Times

Agora, à medida que o clima esquenta no Hemisfério Norte e as pessoas se aventuram a sair de casa e voltar à vida pública ou aos escritórios, muita gente está lutando para perder os quilinhos pandêmicos.

O desejo de perder esse peso é o ganho da indústria da dieta. Nas últimas semanas e meses, as empresas que vendem planos para ajudar a perder peso tiveram avanços nos negócios.

A Noom, empresa de capital fechado que oferece planos de saúde personalizados em seu aplicativo, viu seu software ser baixado quase 4 milhões de vezes nos EUA no ano passado, tornando-se um dos apps de saúde e fitness mais baixados, de acordo com a consultoria Apptopia. Da mesma maneira, a WW International, anteriormente conhecida como Weight Watchers (Vigilantes do Peso), relatou na semana passada que tinha 4,2 milhões de assinantes digitais, um salto de 16% em relação ao ano anterior.

E a Medifast, empresa de capital aberto que administra um plano de treinamento e de substituição de refeição chamado Optavia, projetou que sua receita chegaria a US$ 1,4 bilhão neste ano, o dobro de 2019. A demanda é tão alta que os clientes estão relatando atrasos em seus pedidos e escassez de alimentos populares. 

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Embora o movimento da positividade corporal tenha ganhado força e grande parte da indústria da dieta tenha sido duramente atingida pela pandemia no ano passado, ela ainda é uma máquina de US$ 61 bilhões que atrai milhões de americanos a cada ano, de acordo com a empresa de análises Research and Markets.

Muitas dessas empresas evitam usar a temida palavra de cinco letras – dieta – para descrever o que vendem, preferindo usar expressões mais atuais como “saúde” e “bem-estar” para promover seus programas.

No período que passou trancada no apartamento, estudando para o doutorado, Brenda Olmos ganhou 7 quilos. Foto: Ilana Panich-Linsman/The New York Times

É claro que muitas pessoas engordaram durante a pandemia. Um pequeno estudo descobriu que as pessoas em quarentena ganharam cerca de 300 gramas a cada dez dias. Se elas continuassem vivendo como se estivessem em lockdown, elas poderiam ter engordado 9 quilos ao longo do ano, concluíram os autores do estudo, que foi publicado em março na revista Jama Network Open.

Ainda assim, os críticos de muitos dos programas populares de perda de peso observam que, embora as pessoas provavelmente percam peso se seguirem as rígidas diretrizes dos planos de substituição de refeições, para muitas esse peso acabará voltando. “Se você tem um casamento para ir em duas semanas, um programa de substituição de refeição pode ser útil”, diz Susan Roberts, professora de nutrição da Tufts University. “O problema é que isso não ensina as pessoas a comer depois que o programa termina, então é bastante comum que elas recuperem o peso.”

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Susan desenvolveu sua própria dieta para perder peso, chamada dieta Instinct, que visa a treinar o cérebro das pessoas em relação à comida. Ela afirma que os participantes de seu plano conseguem perder peso reduzindo a fome e os impulsos prejudiciais à saúde.

Apesar das críticas, muitas pessoas que estão saindo da pandemia e se preparando para voltar ao mundo vêm recorrendo à indústria da dieta. Depois de passar grande parte de 2020 enfurnada no apartamento, estudando para o doutorado, Brenda Olmos, 31 anos, percebeu que o fluxo constante de lanchinhos e pedidos de entrega resultou em 7 quilos a mais. 

No início de abril, ela se inscreveu no plano Optavia e perdeu 2 quilos. “Tinha tentado o jejum intermitente e não conseguia parar de pensar em comida”, disse. “Agora, estou me dando seis meses para perder 13 quilos”. /TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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