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Setor manufatureiro dos EUA recua e auxílio-desemprego aumenta

Por BURTON FRIERSON
Atualização:

O setor manufatureiro dos Estados Unidos recuou pelo terceiro mês consecutivo em abril e o número de trabalhadores que pedem auxílio-desemprego foi o maior em quatro anos, segundo dados divulgados pelo governo nesta quinta-feira. Além disso, as demissões previstas também dispararam, mostrando que a economia do país permanece em terreno instável. Também nesta quinta-feira, outros dados indicaram que os consumidores gastaram mais do que o previsto em março, em pelo menos uma boa notícia para uma economia movida em grande parte pelos gastos dos consumidores. Porém, as pressões inflacionárias aumentaram. As notícias sobre o setor manufatureiro, divulgadas pelo Institute for Supply Management (ISM -- Instituto de Gestão da Oferta), foram um pouco melhores do que se esperava, mas ainda representam a quarta vez em cinco meses que o índice aponta para uma contração do setor. "Parece que estamos ligeiramente acima das previsões, de modo que esse número condiz com um crescimento positivo da economia", disse Michael Darda, economista chefe da MKM Partners LCC, em Greenwich, Connecticut. "Trata-se de um desaquecimento muito acentuado, e é possível que tenhamos uma recessão, mas, se isso não acontecer no próximo trimestre, não acontecerá mais. A idéia de que se trata de um colapso profundo e prolongado é incorreta, simplesmente. Não há provas disso", acrescentou. O ISM informou que seu índice da atividade fabril nacional ficou estável em abril em relação a março, em 48,6. O dado é melhor que a previsão média de economistas, de 48,0, segundo sondagem da Reuters. Mas o número ainda está abaixo do nível de 50 que separa crescimento de contração. O número de pessoas que continuam a receber auxílio-desemprego subiu para o maior patamar dos últimos quatro anos, segundo o Departamento do Trabalho. Esse número saltou para 3,019 milhões na semana que terminou em 19 de abril, o nível mais alto desde abril de 2004, e acima do que estava previsto. A avaliação de inflação do ISM chegou ao nível mais alto desde maio de 2004, ressaltando o dilema com que o Fed se confronta: crescimento lento e pressões de preços. PREVISÕES DE DESEMPREGO DESANIMAM Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram para 380 mil, um pouco acima do previsto, na semana que terminou em 26 de abril, um aumento em relação aos 345 mil da semana anterior. Intensificando o quadro desanimador relativo ao emprego, um relatório da Challenger, Gray & Christmas, de Chicago, mostrou que os cortes de vagas previstos por empresas americanas aumentaram 68 por cento de março para abril, chegando ao índice mais alto dos últimos 19 meses. Os gastos do setor da construção caíram 1,1 por cento em março, segundo o Departamento de Comércio, sendo que a construção privada de moradias sofreu uma queda recorde. Um relatório separado do Departamento do Comércio indicou que os gastos pessoais dos americanos subiram 0,4 por cento em março, o dobro das previsões, e que um índice chave de inflação subiu um pouco além do previsto. Economistas entrevistados pela Reuters tinham previsto um aumento de 0,2 por cento nos gastos pessoais, contra 0,1 por cento no mês anterior, quando a crise do setor imobiliário norte-americano desaqueceu a atividade econômica e restringiu os consumidores. O Departamento de Comércio divulgou que a renda pessoal subiu 0,3 por cento em março, ligeiramente abaixo das previsões de 0,4 por cento, após um aumento de 0,5 por cento em fevereiro. Mas, calculada a inflação, a renda dos norte-americanos estagnou, depois de aumentar 0,3 por cento em fevereiro. O índice PCE, que mede as pressões de preços enfrentadas pelos consumidores, subiu 0,3 por cento em março, contra 0,1 por cento no mês anterior. Já o núcleo do PCE, que não inclui os voláteis preços dos alimentos e da energia e é a medida preferida do Fed para calcular a inflação dos EUA, subiu 0,2 por cento, contrariando previsões de aumento de 0,1 por cento. Em fevereiro, a alta tinha sido de 0,1 por cento.

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