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Setor privado quer investir, mas faltam oportunidades

Sobra dinheiro em caixa e faltam projetos, diz a Abdib

Por Renée Pereira
Atualização:

A iniciativa privada está ansiosa para aumentar sua participação na infra-estrutura. Apesar de ter arrematado quase tudo que foi licitado pelo governo nos leilões de concessão, as empresas privadas estão ávidas por oportunidades de investimentos. ''''O problema é que as concessões não ocorrem na dimensão e na constância necessária para atender à demanda'''', reclama o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. Segundo ele, o País tem de adotar a linha de entregar tudo que puder para a iniciativa privada e se concentrar em projetos sociais, como saúde e educação. ''''Até aqui, a iniciativa privada tem cumprido tudo o que se propôs, como prazo e valores.'''' Godoy diz que acredita no potencial do modelo de concessão para angariar investimentos e diminuir boa parte dos gargalos que a falta de infra-estrutura impõe à economia. ''''Mas não pode haver essa demora excessiva para tomar decisões.'''' Levantamento da Abdib desde a criação da Lei de Concessão, em 1995, mostra que o apetite dos investidores nos leilões tem sido voraz. No setor de geração de energia elétrica, a iniciativa privada arrematou 80,3% (10.671 MW) da capacidade instalada oferecida entre 1999 e 2006. Vários investidores já deixaram claro que estão com dinheiro em caixa, mas não encontram projetos. Nesse grupo estão empresas como Suez, Energias do Brasil e grandes consumidores de eletricidade. Os autoprodutores já anunciaram que têm cerca de R$ 3 bilhões para investir por ano no setor. O problema é que, depois de tantos anos sem planejamento, os estudos de viabilidade econômica e social de novas hidrelétricas só devem ficar prontos em 2008 e 2009. Hoje só tem disponível as usinas do Rio Madeira, de 6.500 MW, que começam a operar a partir de 2012. Na área de transmissão de energia elétrica, a iniciativa privada abocanhou 78,2% (15.794 km) das obras licitadas. No setor de transportes, o potencial é enorme, seja em rodovias, hidrovias, ferrovias e portos. Todas as áreas são carentes de investimentos e são grandes gargalos ao desenvolvimento do País. Há anos não se faz nenhuma licitação do governo federal ou mesmo estaduais. Na malha rodoviária brasileira, as concessionárias privadas respondem por apenas 6,1% das estradas pavimentadas. ESTRADAS De acordo com o levantamento da Abdib há, pelo menos, 15.000 km de estradas federais com viabilidade econômica para serem transferidas à iniciativa privada. O número inclui os 2.600 km que devem ser concedidos em outubro de 2007, emperrados desde 1999. Além desses trechos, o governo do Estado de São Paulo também vai licitar o trecho oeste do Rodoanel. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Servilha Duarte, há dinheiro e vontade para desenvolver projetos rodoviários no País. Mas o governo demorou muito para decidir-se pelo leilão. Hoje, diz ele, tem de concorrer com licitações no mundo todo, especialmente nos Estados Unidos, México e França. No setor ferroviário, quase tudo está nas mãos da iniciativa privada. Mas a malha é muito pequena pelo tamanho do País. Há uma enorme necessidade de expansão, o que deve ocorrer com a construção da Transnordestina e a Norte-Sul. A primeira está sendo construída pela Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), que tem como acionista a CSN. Já a segunda está sendo construída pelo governo federal, mas haverá uma subconcessão para ser explorada pela iniciativa privada por 30 anos. Mas ninguém sabe dizer quando. O leilão já foi suspenso várias vezes. Outro importante setor que merece atenção é o sistema portuário brasileiro. Os terminais foram privatizados, mas a administração ficou com o Estado. Isso significa que toda a infra-estrutura dos portos precisa ser feita pelo governo. Mas os investidores reclamam que há falta de licitação de novas áreas nos portos brasileiros. Para Paulo Godoy, da Abdib, a participação da iniciativa privada na infra-estrutura proporciona benefícios em várias frentes. Dá mais competitividade ao setor produtivo e permite melhores serviços à população.

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