
10 de abril de 2016 | 03h00
Ao mesmo tempo, segundo o Cemec, a participação dos bancos públicos no total da oferta de crédito bancário atingiu 56%, com crescimento de 14,3 pontos porcentuais apenas no governo Dilma Rousseff. Em dezembro de 2010, a participação dos bancos públicos era de 41,7% do crédito bancário.
O saldo consolidado de operações de dívida no mercado doméstico (de R$ 7,53 trilhões, ou 128,8% do PIB, em 2015) mostrava participação de 49,9% do setor privado (dos quais 20% correspondentes às famílias) e 50,1% do setor público. A expulsão do setor privado decorre, principalmente, dos altos juros pagos pelo setor público. A remuneração dos títulos das empresas privadas não é competitiva com a dos títulos públicos e os empresários desistem de tomar recursos.
Os indicadores do Cemec não levam em conta as operações externas. Incluídas estas, a participação do setor privado provavelmente seria ainda menor. Motivo: grande parte das dívidas da Petrobrás, maior empresa devedora, foi tomada em moeda externa. É o que mostram cálculos da consultoria Economática: a Petrobrás devia R$ 492,8 bilhões em 2015, 40,4% mais do que em 2014. Sozinha, a estatal respondia por 35% da dívida total de 257 empresas abertas analisadas. Outra grande devedora em dólares é a Vale, com dívidas de R$ 112,6 bilhões. A Eletrobrás devia R$ 48 bilhões.
O endividamento do Estado e de suas empresas é muito elevado. Dado o entrelaçamento entre as contas públicas e os bancos públicos, caso do BNDES, o vulto do endividamento federal causa apreensão.
O estudo do Cemec abrange a dívida mobiliária federal e as operações compromissadas do Banco Central – juntas, elas respondem por 46,7% do endividamento total. O trabalho ajuda a entender o custo da expansão arbitrária do Estado.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.