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Setor rural espera menos radicalismo após saída de Marina

Por CAMILA MOREIRA E ROBERTO SAMORA
Atualização:

Dirigentes das principais entidades agropecuárias do Brasil avaliaram como positiva a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, à espera de mais ponderação do próximo ministro na definição de uma política visando o desenvolvimento sustentável das regiões ambientalmente mais sensíveis. "Espero que o próximo ministro não seja tão radical quanto a Marina, porque infelizmente a ministra Marina se pautou muito nas questões ambientais e se esqueceu do principal ente do meio ambiente que é o ser humano", disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, em entrevista por telefone. O Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, onde está localizada também a região com maior potencial agrícola do Brasil, ao mesmo tempo em que conta com grandes áreas de florestas, especialmente no norte do Estado, área mais próxima da floresta Amazônica. Os produtores mato-grossenses, além daqueles situados no Estado vizinho, o Pará, com forte atuação na pecuária, passaram a ser mais fiscalizados durante a gestão de Marina Silva. Eles argumentam que a ministra esteve por trás de uma série de restrições ao setor, que inclusive impediram alguns de obter novos financiamentos para desenvolver suas atividades. "Ela era uma barreira para o desenvolvimento econômico do Brasil", disse Prado. A ministra argumentava que houve um aumento do desmatamento no final do ano passado, que acompanhou a alta nos preços das commodities agrícolas. Após a divulgação dos dados sobre o desflorestamento no Norte e Centro-Oeste, o governo disparou a chamada Operação Arco de Fogo, para combater o comércio ilegal de madeira, que contou com a participação da Polícia Federal. SETOR QUER INTERLOCUTOR O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho, avaliou que o próximo ministro deveria ter uma posição mais equilibrada e menos ideológica sobre o meio ambiente. "A gente defende mais equilíbrio e mais bom senso, e menos ideologia... Ela é representante dessas correntes de preservação internacionais, muito contraditórias e muito ideológicas", declarou Ramalho. "(Ela) criou muita dificuldade com questões de licenças ambientais. Deveríamos ter no Ministério do Meio Ambiente pessoas mais de centro, menos ligadas a qualquer movimento de ONGs", acrescentou o presidente da SRB. Na mesma direção foi o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso, Glauber Silveira. "Nós precisamos de um interlocutor que não tenha preconceitos. Ela (Marina) era uma pessoa que tinha preconceitos", disse. De acordo com o dirigente da Aprosoja, Marina Silva nunca pensou no desenvolvimento sustentável, ao contrário, pensou no 'não' desenvolvimento. "O problema da ministra é que ela não tem gestão ambiental, o que ela fez foi simplesmente restrição ambiental." Para ele, Marina simplemente ficou lançando normas para "mascarar a ineficiência governamental" e deixou de realizar coisas importantes, como a regularização de propriedades rurais. Já o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, criticou o "ranço" de Marina Silva contra o setor. "Esse ódio que ela tem contra produtor rural, isso prejudica gravemente a cadeia produtiva. A ministra misturou tudo, colocou todo mundo no mesmo balaio e saiu dando tiro em todo mundo. A política dela no quesito meio ambiente foi desastrosa", concluiu.

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