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Setor siderúrgico eleva produção com aquecimento das vendas

Por Agencia Estado
Atualização:

O aquecimento da demanda interna e a atratividade das exportações, favorecidas pelo dólar elevado, estão aumentando a venda do setor siderúrgico do País. O cenário foi um consenso nesta segunda-feira entre executivos que participaram do I Seminário sobre Aços, no Rio de Janeiro. Dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) mostram que a produção de aço bruto avançou 10,4% nos primeiros dez meses e 16% em outubro, na comparação com 2001. O volume de exportações cresceu 43,3% no acumulado do ano. "O setor não esperava tanto crescimento no fim do ano", disse o gerente de desenvolvimento da qualidade do Grupo Gerdau, Clayton Labes, que participou do evento, patrocinado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Para o executivo, o setor siderúrgico está perto do limite de produção. Ele projeta que o consumo interno deverá crescer anualmente pelo menos 1 milhão de toneladas nos próximos anos. Em outubro, as vendas internas avançaram 11,6%, segundo o IBS. No País, o destaque é a construção civil. Segundo o coordenador de consultoria técnica da Açominas, Ronaldo do Carmo Soares, a siderurgia está vendendo 7% a mais de aço para o setor do que no ano passado. Apenas as vendas de vergalhões de aço avançaram 9%. No acumulado do ano, contudo, o volume de vendas de aço no País ainda está 2,2% abaixo do acumulado no ano anterior (o levantamento exclui os semi-acabados, vendidos para o próprio setor). O coordenador da Açominas explica que a demanda da construção civil é considerada "surpreendente", já que não há obras significativas em curso para o segmento de infra-estrutura. Para Carmo Soares, o mais provável é que o consumo pulverizado de pequenos construtores ou pessoas físicas, os chamados "formiguinhas", esteja reagindo favoravelmente. "Só tem essa explicação", argumenta o executivo da Açominas. No caso das exportações, os executivos concordam que a cotação do dólar deu uma atratividade maior às vendas externas. O IBS informou, em seu boletim mensal, que as exportações das usinas siderúrgicas somam 9,5 milhões de toneladas até outubro, 43,3% acima do ano passado. Em valores, o crescimento é de 41,9%, chegando a US$ 2,176 bilhões. Isoladamente em outubro, o avanço em volumes é de 45,6%, mas chega a 87,5% em faturamento: as exportações aumentaram de US$ 160 milhões em outubro do ano passado para US$ 300 milhões no mês passado. O gerente de assistência técnica da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), Geraldo Iran Cardoso, confirma que a demanda por exportações aumentou e que os preços também subiram. "Há uma pressão por exportação. Outras siderúrgicas que vendiam principalmente no mercado interno estão fazendo esta opção", disse Cardoso, afirmando que a CST era basicamente exportadora, até inaugurar o laminador de tiras a quente, que gradualmente abastecerá o mercado interno. Cardoso disse que algumas concorrentes teriam sondado a CST sobre a possibilidade de utilizar o novo laminador para suprir o mercado doméstico, neste segundo semestre. Não houve, entretanto, acordo ainda. O gerente da Gerdau confirmou que "está todo mundo exportando", mas afastou o risco de desabastecimento do mercado interno. "O mercado doméstico está reagindo e está sendo abastecido", afirmou.

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