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Setor têxtil argentino teme concorrência brasileira

Por Agencia Estado
Atualização:

De cada dez toalhas e lençóis vendidos na Argentina, seis são importados do Brasil, segundo um levantamento da Fundação Pro-Tejer, que reúne os empresários têxteis argentinos e considera a indústria brasileira como a inimiga número um do setor. Segundo o último relatório da entidade, o caso do denim, um fio que se faz com algodão, é gritante. O consumo mensal do mercado interno é de 3,5 milhões de metros desse fio, enquanto que "a produção local é de 2,5 milhões de metros e a importação brasileira dos últimos meses foi de mais de 2 milhões". Segundo a entidade, isso "está produzindo um acúmulo de estoque, com sério dano à indústria local". "Em fios de acrílico se consomem 1.200 mil toneladas por mês. No ano passado entraram 1.597 mil toneladas. Nos primeiros seis meses deste ano, foram importadas 2.829 mil toneladas, e 90% dessa transação comercial corresponde a uma só empresa brasileira", destaca o relatório. A associação repete insistentemente uma advertência: "a esse ritmo de importação, esta companhia poderia abastecer todo consumo de fios de acrílico de nosso país, com consequências previsíveis para a indústria local". Também afirma que nos primeiros sete meses de 2003 foi registrada importação de 3,7 milhões de toalhas, das quais "80% de origem brasileira". A Fundação Pro-Tejer diz que os hipermercados Wal-Mart e Casino são os principais importadores de têxteis brasileiros e argumentam que o fazem por razões de qualidade e paridade cambial. O relatório da fundação questiona números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Brasil, que mostram que as vendas do principal sócio do Mercosul para a Argentina têm perdido importância em relação aos níveis alcançados na década de 90. "É inconsistente fazer comparações com anos anteriores, quando o setor têxtil, devastado na década de 90, custava a alcançar os níveis de recuperação que se observa na atualidade", conclui o relatório.

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