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Setor varejista ainda está cético com crescimento da economia

Por Agencia Estado
Atualização:

Há um visível descompasso entre as expectativas do consumidor e as do setor varejista em relação aos próximos meses. O consumidor tem demonstrado um crescente otimismo, como mostrou ontem o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, que bateu mais um recorde de alta. Já entre os varejistas, a situação é diferente. De uma reunião realizada durante toda a manhã de hoje na mesma Federação do Comércio, envolvendo diferentes segmentos do comércio, pode-se concluir que a palavra de ordem no setor agora é a cautela. As melhores explicações para o relativo desânimo que começa a apontar no setor são o arrefecimento das vendas no varejo em agosto e a queda real da renda média do trabalhador. "Houve uma mudança de horizonte. A percepção mudou e o otimismo já não é mais tão grande no setor", comenta o assessor econômico da Fecomércio, Fábio Pina. "A euforia que vimos em agosto esfriou. Estamos em um momento de otimismo cauteloso", reforça o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Efeito da alta dos juros O que membros do comércio e economistas começam a analisar como explicação é o efeito psicológico que o ciclo de aumento nas taxas de juros tem sobre o setor varejista, sobretudo neste momento de início das decisões em torno das encomendas para o final de ano. "Das conversas com representantes de diversos setores, a impressão é de que mesmo que a indústria, o mercado financeiro ou mesmo o consumidor não acuse o impacto da alta de juros, o varejista sim, e muito", comenta o economista Fernando Montero, da Convenção Corretora. Cenário diferente para preços Este desânimo no setor varejista leva a um natural endurecimento das negociações do setor com a indústria em torno dos aumentos de preços, o que costuma reduzir de maneira significativa o repasse de preços do atacado para o varejo. Esta realidade de negociações mais duras hoje é consensual entre os representantes do comércio. "Se eu estava aceitando mais repasse por conta de um cenário melhor, agora não estou mais", comenta o assessor econômico da Fecomércio, Fábio Pina.

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