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Setores da indústria dão sinais de recuperação

Vendas de TVs, alimentos, perfumaria e materiais de construção reagem mais rapidamente

Por Agencia Estado
Atualização:

As indústrias brasileiras continuam apostando no aumento do volume de negócios neste trimestre, mesmo diante da falta de vigor na recuperação do nível de atividade exibida nos três primeiros meses do ano. O otimismo é maior entre fabricantes de aparelhos de imagem e som, alimentos, artigos de perfumaria e materiais de construção, que vinham recuperando o terreno perdido nos últimos meses e contam com estímulos adicionais ao consumo, como datas comemorativas e o recente reajuste do salário mínimo. Fabricantes de televisores, por exemplo, não estão dando conta dos pedidos do varejo, que cresceram com a proximidade do início da Copa do Mundo. As duas empresas que disputam a liderança das vendas de TVs, a Semp Toshiba e a Philips, faturaram no primeiro trimestre mais de 30%, em comparação com o mesmo período de 2001, e prevêem um segundo trimestre também aquecido. Dados preliminares revelam que as vendas industriais de TVs no mês passado cresceram quase 10% em relação a abril de 2001. "Há uma certa dificuldade da indústria em atender a todos os pedidos do comércio", diz o supervisor da Lojas Cem, Odacir Packer. "Ainda não chegamos a uma situação de desabastecimento, mas o consumidor pode não encontrar o produto na marca e modelo desejados." Segundo ele, a procura por TVs nas últimas semanas cresceu 15% em relação a 2001. Tanto a Semp Toshiba como a Philips confirmam que a oferta de televisores está apertada, especialmente de modelos de 29 polegadas. De acordo com o gerente de Marketing e Produtos da Philips, Fernando Stinchi, as empresas estão com dificuldades para se abastecer de componentes, por causa da demora para liberar importações. Além disso, os fornecedores de tubos de imagem (cinescópios) para TVs de tela grande não se prepararam para uma alta tão forte no consumo. O crescimento nas vendas que a indústria eletroeletrônica vem registrando confirma os dados da Sondagem Conjuntural feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no mês passado. Das 1.222 indústrias consultadas, 55% planejavam aumentar a produção no trimestre de abril a junho, e apenas 10% acreditavam que o volume será menor. O chefe do Centro de Estatísticas e Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, diz que esse índice é um dos maiores dos últimos cinco anos. A pesquisa mostra que um dos segmentos mais otimistas é o de eletroeletrônicos de imagem e som. Para 76% das empresas do setor, a produção vai aumentar neste trimestre. Apenas 7% esperam retração. Entre os fabricantes de alimentos, a situação não é muito diferente. No primeiro trimestre, a demanda estava forte para 23% das empresas consultadas pela FGV, e só 11% declararam que as vendas estavam fracas. Neste trimestre, 61% das empresas apostam em aumento da produção e 11% acreditam em queda. Mínimo A consultora econômica da Tendências Amaryllis Romano acredita que o aumento de R$ 20 no valor do salário mínimo, que passou de R$ 180 para R$ 200, será direcionado para o consumo de alimentos e bebidas. O presidente da Chapecó, especializada em carnes industrializadas, Alex Fontana, informa que a empresa faturou no primeiro trimestre 26,5% a mais do que em igual período de 2001. "Exportamos 34% mais e crescemos 18% no mercado doméstico", diz ele. Os números do Pão de Açúcar, a maior rede de supermercados do País, mostram que as vendas líquidas no primeiro trimestre cresceram 1,1% ante o mesmo período de 2001, levando-se em conta o mesmo número de lojas. O resultado da companhia não é um caso isolado. O índice nacional de vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) fechou o primeiro trimestre do ano com crescimento real de 0,43% comparado a 2001. No segmento de artigos de perfumaria, o desempenho do primeiro trimestre surpreendeu. O presidente do O Boticário, Miguel Gellert Krigsner, conta que o faturamento da companhia aumentou 15% no período. A expectativa é aumentar entre 15% e 20% as vendas neste trimestre. As vendas de material de construção também estão aquecidas em todo o País. O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Elias Conz, diz que o faturamento do setor cresceu 4% este ano. A expectativa é fechar o ano com um acréscimo de 5% sobre os R$ 32 bilhões registrados em 2001. "Desde o início do Plano Real, em 1994, nosso setor tem sido uma ilha de prosperidade entre os demais." Os primeiros resultados de balanços deste ano indicam que as empresas tiveram crescimento real nas vendas em relação ao primeiro trimestre de 2001, contrariando as previsões negativas do mercado. Estudo feito pela consultoria Economática, com base nos resultados de 24 companhias de diferentes setores, mostra que o faturamento total passou de R$ 7,831 bilhões em março de 2001 para R$ 8,038 bilhões - um aumento de 2,6%. O lucro operacional recuou 3,2% no período, por causa de aumentos de custos. Apesar disso, o lucro líquido desse grupo de empresas cresceu 26,5%. O presidente da Economática, Fernando Exel, observa que o comportamento do dólar, com variação nula nos três primeiros meses do ano, garantiu esse aumento significativo. Com isso, o endividamento cresceu por causa dos juros, e não teve influência do câmbio. Dados da pesquisa mostram que, no fim de março, as despesas financeiras totais desse grupo somavam R$ 642 milhões, ante R$ 1,368 bilhão em igual período de 2001. Exel ressalva que a análise foi feita com base em amostra considerada muito pequena para indicar uma tendência.

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