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Setores garantem ter repassado desoneração

Por Paulo Justus e
Atualização:

Setores beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) disseram ontem que as indústrias repassaram ao consumidor o valor desonerado pelo governo. Representantes dos segmentos de materiais de construção e automobilístico disseram que o presidente Lula se equivocou ao inferir que o corte do imposto foi embolsado pelos empresários. O presidente declarou ontem que preferia aumentar a renda da população a desonerar o setor produtivo. Para o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Claudio Conz, a queda nos preços para o consumidor é evidenciada no Índice Nacional do Custo da Construção (INCC). Segundo ele, a queda nos preços dos materiais de construção conteve as elevações do índice, que registrou alta nos custos da mão de obra. "O caso mais expressivo é o valor do saco de cimento, que custava R$ 18 há dois meses e hoje é vendido a R$ 16." Conz disse que o presidente já havia usado esse discurso na reunião de 13 de maio do Grupo de Acompanhamento da Crise. "Ele levantou essa ideia de que o dinheiro na ponta acaba aumentando o consumo. Não está errado, mas também não está errado reduzir o preço dos materiais de construção, principalmente quando você tem um programa que pretende construir 1 milhão de casas." De acordo com o presidente da Anamaco, a redução média de 5 pontos porcentuais do IPI para materiais de construção representou queda nos preços de 8 pontos na ponta. "Isso porque você não reduziu apenas o imposto pago pela indústria, mas também o porcentual das margens de lucro e outros impostos." Para representantes do setor automobilístico, a desoneração do IPI, em vigor desde meados de dezembro, estimulou o mercado e foi integralmente repassada. Adotada após queda de 25% nas vendas de novembro, a medida deu novo fôlego ao mercado. De janeiro a maio, as vendas somam 1,149 milhão de veículos, apenas 1.576 unidades a menos do que em igual período de 2008, quando não havia crise internacional. Juntamente com a volta do crédito em prazos mais longos, o mercado automobilístico do País vem reagindo de forma mais positiva do que outros países, onde a queda das vendas é brutal, como nos EUA e na Europa. "Na crise, o governo tem de ceder e o único jeito é reduzir impostos", disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. O sindicalista defende a manutenção do corte do IPI e até mesmo a ampliação a outros setores. Já o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, diz que o presidente está correto. E questiona o compromisso da manutenção dos empregos, que segundo ele não ocorreu. "É melhor que o governo retome o recurso e passe a investir na educação, saúde e políticas. E que esse dinheiro vá para o consumo."

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