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Shell diz ter interesse em ativos da Petrobrás

Presidente da companhia no Brasil diz que empresa avalia blocos marítimos explorados pela estatal no Golfo do México, litoral dos Estados Unidos

Por SABRINA VALLE , SERGIO TORRES e RIO
Atualização:

O presidente da Shell no Brasil, André Araujo, disse ontem que a companhia tem interesse em ativos da Petrobrás no Golfo do México (litoral dos Estados Unidos). "A Shell está interessada em negociar no Golfo do México. É uma das áreas mais estratégicas para a Shell em águas profundas", disse Araújo. Segundo ele, mais áreas do Golfo do México, exploradas por outras petroleiras, também estão sob a avaliação da companhia. O anúncio do interesse da Shell em blocos marítimos explorados pela Petrobrás nos Estados Unidos ocorre em um momento em que a companhia brasileira convive com uma crise causada por diversos fatores combinados, entre eles a estagnação da produção de petróleo, a incapacidade de elevar a fabricação de combustíveis e o aumento do consumo interno de gasolina e diesel. Esses fatores levaram a Petrobrás, nos dois últimos, a aumentar a importação de combustíveis, como forma de evitar o desabastecimento de gasolina e diesel no País. O desequilíbrio entre a produção nas refinarias nacionais e as cargas de combustíveis trazidos do mercado externo, mais a defasagem de preços, criou o quadro agora revelado: o déficit comercial da Petrobrás no primeiro trimestre deste ano é de US$ 7,396 bilhões. Procurada, a Petrobrás disse, por meio da sua assessoria, que não comentaria a notícia. Venda de ativos. Na tentativa de capitalizar a companhia, a diretoria comandada pela presidente Graça Foster lançou no Plano de Negócios 2012-2016 um programa de desinvestimentos orçado em US$ 14,8 bilhões e ancorado, principalmente, na venda de ativos internacionais. Só que a companhia não teve sucesso nas negociações, já que os principais candidatos a compradores, conhecendo a situação de crise, ofereciam preços considerados muito abaixo do que os ativos valeriam. No Plano de Negócios vigente atualmente (2013-2017), o programa de desinvestimentos caiu para US$ 9,9 bilhões. Em entrevistas, Graça Foster estimou que os ativos de exploração da Petrobrás no golfo valem cerca de US$ 8 bilhões. Seriam negociadas participações de US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões. No setor, os comentários são de que as gigantes interessadas, além da Shell, são a Exxon, a Chevron e a BP. Com Dilma. Em visita ao Brasil, o presidente mundial da Shell, Peter Voser, esteve ontem em Brasília, onde se reuniu com a presidente Dilma Rousseff. Ele disse à presidente que a Shell planeja participar dos leilões organizados este ano pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já no Rio, Voser confirmou o interesse, mas disse a jornalistas que a Shell está em processo de análise técnica das áreas que serão oferecidas, sendo prematuro, neste momento, garantir a participação nos leilões.

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