O presidente da Shell no Brasil, André Araujo, disse ontem que a companhia tem interesse em ativos da Petrobrás no Golfo do México (litoral dos Estados Unidos). "A Shell está interessada em negociar no Golfo do México. É uma das áreas mais estratégicas para a Shell em águas profundas", disse Araújo. Segundo ele, mais áreas do Golfo do México, exploradas por outras petroleiras, também estão sob a avaliação da companhia. O anúncio do interesse da Shell em blocos marítimos explorados pela Petrobrás nos Estados Unidos ocorre em um momento em que a companhia brasileira convive com uma crise causada por diversos fatores combinados, entre eles a estagnação da produção de petróleo, a incapacidade de elevar a fabricação de combustíveis e o aumento do consumo interno de gasolina e diesel. Esses fatores levaram a Petrobrás, nos dois últimos, a aumentar a importação de combustíveis, como forma de evitar o desabastecimento de gasolina e diesel no País. O desequilíbrio entre a produção nas refinarias nacionais e as cargas de combustíveis trazidos do mercado externo, mais a defasagem de preços, criou o quadro agora revelado: o déficit comercial da Petrobrás no primeiro trimestre deste ano é de US$ 7,396 bilhões. Procurada, a Petrobrás disse, por meio da sua assessoria, que não comentaria a notícia. Venda de ativos. Na tentativa de capitalizar a companhia, a diretoria comandada pela presidente Graça Foster lançou no Plano de Negócios 2012-2016 um programa de desinvestimentos orçado em US$ 14,8 bilhões e ancorado, principalmente, na venda de ativos internacionais. Só que a companhia não teve sucesso nas negociações, já que os principais candidatos a compradores, conhecendo a situação de crise, ofereciam preços considerados muito abaixo do que os ativos valeriam. No Plano de Negócios vigente atualmente (2013-2017), o programa de desinvestimentos caiu para US$ 9,9 bilhões. Em entrevistas, Graça Foster estimou que os ativos de exploração da Petrobrás no golfo valem cerca de US$ 8 bilhões. Seriam negociadas participações de US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões. No setor, os comentários são de que as gigantes interessadas, além da Shell, são a Exxon, a Chevron e a BP. Com Dilma. Em visita ao Brasil, o presidente mundial da Shell, Peter Voser, esteve ontem em Brasília, onde se reuniu com a presidente Dilma Rousseff. Ele disse à presidente que a Shell planeja participar dos leilões organizados este ano pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já no Rio, Voser confirmou o interesse, mas disse a jornalistas que a Shell está em processo de análise técnica das áreas que serão oferecidas, sendo prematuro, neste momento, garantir a participação nos leilões.