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Sindicalistas criticam terceirização nas empresas

Eles também pedem aumento real de salário e valorização do piso salarial

Por Agencia Estado
Atualização:

Combater a terceirização e defender os direitos trabalhistas na Previdência Social. Estas foram as duas principais bandeiras de luta definidas para 2007, nesta segunda-feira, dia 26, por cerca de 600 metalúrgicos, que estiveram presentes no Encontro de Delegados Sindicais. Para Eleno Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a terceirização nas empresas se transformou em "uma epidemia". "Estão querendo terceirizar tudo", afirma Bezerra, em entrevista à Agência Estado. As centrais sindicais avaliam que a terceirização é injusta com o trabalhador e defendem que os trabalhadores terceirizados trabalhem sob as mesmas condições salariais que um metalúrgico. Sem citar nomes, ele chega a dizer que existe um lobby "pesadíssimo" do meio empresarial "e até da imprensa", que defende a terceirização. "Os trabalhadores terceirizados ganham a metade dos salários de um metalúrgico e não tem benefícios. O único objetivo (das empresas), com isso, é ganhar dinheiro", ataca o presidente do Sindicato. Segundo ele, um metalúrgico que sofre um acidente de trabalho tem estabilidade empregatícia por parte da empresa até a sua aposentadoria. "O que não ocorre com um trabalhador terceirizado. Neste caso ele perde o emprego e terá que ficar brigando no INSS para ver se vai ter auxílio-doença ou não", acrescenta. Previdência Social O tema do auxílio-doença, juntamente com a questão da terceirização, é a deixa para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos abordar o assunto da Previdência Social. Para ele, a terceirização afeta diretamente a Previdência e avisa: as centrais sindicais não vão aceitar mudanças na Previdência que prejudiquem os trabalhadores, como a redução do auxílio-doença, por meio de reajustes e criação de um subteto, e a definição de uma idade mínima para a aposentadoria. "Quando o trabalhador terceirizado se acidenta as empresas demitem e jogam o problema para a Previdência (Social) resolver, o que aumenta a demanda. Por conta disso, o governo (federal) vem com essa de querer reduzir o auxílio-doença. Isso nós não vamos admitir de jeito nenhum", diz Bezerra. De acordo com o presidente do Sindicato, os argumentos para a redução do auxílio-doença, não procedem e revelam falhas internas do próprio governo. "O governo sustenta que há trabalhadores que ganham auxílio-doença maior do que seu último salário e reclama de fraude no sistema. Mas se admite que há malandragem, está oficializando a malandragem. O governo jamais deveria admitir que há corrupção", critica. No próximo dia 07, o próprio Eleno Bezerra irá a Brasília, onde, na ocasião, apresentará ao líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), uma proposta sobre a Previdência Social. "Nós vamos discutir o que achamos que o governo deve fazer para não haver corrupção no sistema previdenciário e vamos apresentar também a questão do teto, que não dá pra gente concordar. O Sindicato, a Força (Sindical) e a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNTM) fará uma luta a qualquer custo para não retirar os direitos do trabalhador", ressalta. Outras bandeiras Além da questão da terceirização e da Previdência Social, outras bandeiras de luta foram desenhadas para este ano. É o caso da invariável reivindicação por aumento real de salário e valorização do piso salarial. No entanto, segundo Bezerra, os reajustes a serem pedidos ainda não foram definidos. "Discutiremos lá na frente", desvia o presidente do Sindicato. "Mas vamos intensificar a campanha de participação nos lucros e resultados das empresas", declara. Outra bandeira é a redução de jornada de trabalho sem mudança nos salários. Para isso, analisa que o governo deva trazer alívios fiscais às empresas como forma de compensação. Outros itens definidos para os metalúrgicos lutarem em 2007 são: equiparação salarial e planos de cargos e salários; cesta básica e convênio médico; isenção das tarifas bancárias; qualificação profissional a ser oferecida aos trabalhadores pelas empresas. Além desses pontos, os sindicalistas optaram por incorporar a preservação do meio ambiente nas lutas da categoria e ampliar as políticas para jovens e mulheres de metalúrgicos. Governo Lula Questionado sobre a condução política do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Eleno Bezerra assume uma ponta de decepção. Afirma que os metalúrgicos depositavam expectativas melhores sobre o petista, em razão de seu passado como líder sindicalista. "Os trabalhadores tinham expectativas muito boas. Esperava-se que o Lula resolvesse a questão da Previdência Social, fizesse uma reforma econômica que impulsionasse a indústria, reconhecesse as centrais sindicais, mas nada disso aconteceu", lamenta. Entretanto, sustenta que o governo Lula em comparação com a gestão FHC - de 1994 a 2002 - "foi muito melhor". Contudo, pondera: "Neste segundo governo a comparação agora é com ele mesmo e não mais com o FHC. Acho que o Lula iniciou este segundo mandato no caminho certo, mas vamos ver agora como ele vai andar no Congresso."

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