PUBLICIDADE

Publicidade

Sindicalistas dizem não a Sarkozy e mantêm greve na França

Proposta do presidente para evitar greve do dia 19 foi rejeitada.

Por Ana Carolina Moraes
Atualização:

Os principais líderes sindicais que se reúniram com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, nesta quarta-feira consideraram insuficentes as propostas feitas pelo governo e decidiram manter a greve geral convocada para o próximo dia 19 de março. Após reunião com representates dos principais sindicatos patronais e de empregados da França, Nicolas Sarkozy anunciou uma série de medidas sociais, destinadas principalmente aos jovens e à classe média, para conter os efeitos da crise econômica no país e atenuar o crescente descontentamento da população. O pacote deve totalizar 2,6 bilhões de euros, será financiado, em parte, pelos juros dos empréstimos concedidos pelo governo aos bancos em dificuldades. Entre as medidas que devem ser adotadas imediatamente estão a criação de um fundo social de investimentos para estimular o emprego e a formação de trabalhadores, além da exoneração provisória de 2/3 do valor total do imposto de renda que incide sobre os salários mais baixos. Essa medida deve beneficiar, segundo o governo, 4 milhões de famílias. O pacote também prevê novos benefícios socias para famílias mais pobres além de medidas para estimular o emprego de jovens. Ao anunciar as medidas à população, em pronunciamento televisivo na noite desta quarta-feira, Sarkozy defendeu sua política de investimentos para criar empregos e descartou um aumento imediato do salário mínimo - uma reivindicação comum dos sindicatos - que, segundo ele, "complicaria ainda mais a situação das pequenas e médias empresas". O presidente francês também defendeu um capitalismo "mais justo" e pediu aos dirigentes de empresas que recorrerem a planos de reestruturação que renunciem a seus bônus em 2009. Em meio a um contexto de crescente tensão social e crise econômica, o presidente francês aposta nesse pacote para atenuar o descontentamento da população e recuperar sua popularidade, em queda nos últimos meses. Além dos sindicatos, o Partido Socialista (PS) também criticou o plano. O porta-voz do partido, Benoît Hamon, afirmou que "as medidas não mudarão em nada a situação do país". O presidente do PS na Assembléia, Jean-Marc Ayrault, disse que o montante total do pacote do presidente Sarkozy "corresponde somente a 10% das medidas adotadas em favor das empresas ". Eleito com o compromisso de que iria melhorar o poder aquisitivo da população, Nicolas Sarkozy é criticado por não ter cumprido suas promessas. A insatisfação social aumentou ainda mais com a crise econômica. Segundo pesquisa publicada nesta quarta-feira, 60% dos franceses consideram ruins e insuficientes as medidas adotadas pelo governo para conter os efeitos da crise. A sondagem também indica que a maioria da população estima que as medidas beneficiam, principalmente, os bancos e instituições financeiras. O pacote anticrise francês prevê 360 bilhões de euros em empréstimos aos bancos e 26 bilhões para reaquecer a economia. Face à crescente tensão social no país e com a popularidade em queda, Nicolas Sarkozy quer evitar, com as medidas que anunciadas hoje, que a crise economica que se anuncia para 2009 se transforme em avalanche social. Na semana passada, a ministra francêsa da Economia, Christine Lagarde, confirmou que o PIB francês, este ano, vai registrar crescimento negativo e não deve ultrapassar - 1%. No ano passado, o desemprego aumentou 11,4% na França, totalizando 2 milhões de pessoas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.