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Sindicato de metalúrgicos deve receber R$ 140 milhões por venda da sede em São Paulo

Entidade ocupa imóvel, no bairro da Liberdade, há mais de 20 anos; concorrência aberta há um mês recebeu mais duas propostas

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O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo aguarda a confirmação do grupo que ofereceu R$ 140 milhões pelo prédio no tradicional bairro da Liberdade para concretizar a venda do imóvel ocupado pela entidade há mais de 20 anos. O presidente do sindicato, Miguel Torres, diz que ainda não sabe quem é o autor da proposta de compra em concorrência aberta há pouco mais de um mês.

Torres espera que o negócio seja concluído em até cinco dias. “Recebemos visitas de vários interessados, entre os quais bancos, hospitais e faculdades”, diz. Entre as melhores propostas, além da selecionada, havia uma de R$ 100 milhões e outra de R$ 120 milhões para pagamento em 24 parcelas.

Miguel Torres, da Força Sindical Foto: Niulton Fukuda/Estadão

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Paralelamente, a entidade avalia a compra de um imóvel menor e, segundo o dirigente, uma das possibilidades é a sede da Força Sindical, à qual a é filiada. Ela fica ao lado do sindicato, e é avaliada em cerca de R$ 12 milhões. Esse prédio foi a leilão há cerca de dois meses mas as propostas foram muito baixas, segundo Torres.

O prédio atual dos metalúrgicos tem 14 andares, auditório e três subsolos de garagem. A entidade também colocou à venda a colônia de férias na Praia Grande e o Clube de Campo de Mogi das Cruzes. “Mas se vendermos o prédio principal não precisaremos vender os outros”, diz Torres.

Sem imposto sindical

O sindicato tem dívidas de cerca de R$ 18 milhões com fornecedores e empréstimos, valor que vem se acumulando desde a reforma trabalhista, em vigor há dois anos, e que estabeleceu o fim da cobrança obrigatória da contribuição sindical, que equivalia a um dia de trabalho de cada trabalhador com carteira assinada e era a principal fonte de renda de sindicatos, incluindo os patronais, que recolhiam o imposto das empresas.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos ressalta que, além do fim do imposto obrigatório, o alto índice de desemprego no País contribuiu para a queda da arrecadação da entidade. Segundo ele, há quatro anos a base dos metalúrgicos em São Paulo era formada por 230 mil a 240 mil trabalhadores, número hoje reduzido a no máximo 120 mil a 130 mil. O total de sindicalizados caiu de 60 mil para 22 mil no mesmo período.

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Clube e colônia abertos a terceiros

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo vendeu, há pouco mais de um ano, um prédio que alugava para terceiros (como forma de investimento) por R$ 10,4 milhões. Também negociou com grupos privados a administração do clube de campo em Cotia e a colônia de férias na Praia Grande. Sócios da entidade entram gratuitamente, mas outras pessoas não ligadas à categoria podem usar os centros de lazer pagando mensalidades aos administradores.

As centrais sindicais Força, CUT, UGT e CSB discutem com o governo uma reforma sindical que estabeleça a cobrança da contribuição negocial – porcentual do salário a ser cobrado uma vez ao ano após o acordo coletivo (data-base) das categorias. “As negociações salariais envolvem todos os trabalhadores e não apenas os sindicalizados”, justifica Torres. Alguns sindicatos já fazem essa cobrança, aprovada em assembleias, mas enfrentam ações judiciais.  

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