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Sindicato pede contribuição e oferece ‘assessoria jurídica’

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Por Murilo Rodrigues Alves
Atualização:

João Figueiredo dos Santos completa 20 anos de aposentadoria por invalidez em 2016 e já perdeu a conta de quantas vezes foi preciso recusar a proposta do sindicato para que fosse descontado um porcentual da sua aposentadoria que lhe garantiria uma “consultoria jurídica” da entidade.

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“Não confio em sindicato nem em partido político”, afirma. “Jogo todos os formulários que recebo fora. Hoje em dia nem leio mais. Já sei do que se trata, rasgo e jogo tudo no lixo”, completa.

O aposentado, que trabalhou como assistente de laboratório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), teve o movimento das mãos comprometido por causa dos produtos químicos usados na profissão, principalmente ácido sulfúrico.

Ele não se esqueceu do valor do primeiro benefício que recebeu aos 39 anos: R$ 625, equivalente a mais de cinco salários mínimos. Hoje, com 58 anos, ganha por mês pouco mais de dois salários mínimos.

O assistente de laboratório afirmou, quando esteve em uma agência da Previdência Social em Brasília, que conhece muitas pessoas que autorizaram o desconto no benefício com a esperança de que os sindicatos conseguissem aumentos mais generosos nas aposentadorias para quem recebe mais de um salário mínimo. Outros, segundo ele, nem devem saber do desconto compulsório.

Piso.Os aposentados vêm reivindicando, nos últimos anos, um aumento acima do índice da inflação do ano anterior; até agora, no entanto, sem sucesso. Uma das queixas é que todos os anos mais segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) acabam recebendo o novo salário mínimo, já que os benefícios do piso sobem mais.

“Não tenho essa ilusão. Com a situação da economia do jeito que está, não tem sindicato que convença o governo a ceder nessa questão”, afirmou João. Ele disse que o dinheiro que recebe da aposentadoria é a renda dele e de mais seis pessoas que vivem com ele. “Nossa qualidade de vida caiu muito nos últimos anos. Já dispensei o plano de saúde porque não tenho mais condições”, queixou-se.

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