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Sindicato pede que BNDES assuma o controle da Eletropaulo

Por Agencia Estado
Atualização:

O Sindicato dos Eletricitários de São Paulo e a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) vão pedir ao BNDES que assuma o controle acionário da Eletropaulo, distribuidora controlada pela norte-americana AES. Eles anunciaram hoje uma série de ações que serão desencadeadas a partir da próxima semana para denunciar o que classificam de "sucateamento das redes de distribuição da Eletropaulo". As ações serão realizadas junto com o movimento pela decretação da moratória da empresa. A Eletropaulo não pagou parcela de US$ 85 milhões que deveria quitar com o BNDES em 31 de janeiro. "O não pagamento desta parcela dá ao banco o direito de declarar como vencido o total da dívida de US$ 542 milhões e também o vencimento antecipado do empréstimo de R$ 817 milhões", disse o presidente do sindicato e também da CGT, Antônio Carlos dos Reis. "O que nós queremos é que não se crie um ´novo Proer´ para socorrer a empresa, mas que o BNDES assuma o controle acionário da empresa." Os diretores do sindicato afirmam que a AES Eletropaulo, controladora da empresa desde a privatização, em 1998, deixou de dar manutenção preventiva no sistema. "Neste fim de semana, uma mulher e sua filha morreram por causa da queda de um cabo na Cidade Dutra, em São Paulo, e a queda do cabo foi resultado da falta de manutenção", afirmou o diretor do sindicato, Washington Aparecido. "Estamos encaminhando às autoridades do setor um pedido formal de investigação rigorosa do caso". De acordo com ele, o sucateamento da rede pode provocar graves acidentes em áreas superpovoadas, como o centro da cidade de São Paulo. "Há quatro anos não é dada manutenção preventiva nas 2.100 câmaras subterrâneas que interligam o sistema elétrico da região central da capital. A qualquer momento ele pode entrar em colapso", afirmou. Aparecido denunciou que, devido à diminuição de 12 mil para 3,5 mil funcionários, a Eletropaulo também "reduziu drasticamente" a capacidade de atendimentos de rotina, como as quedas de disjuntores, comuns em épocas de chuvas fortes. "Tecnicamente, a parte interna dos disjuntores tem de ser de chumbo, para que o metal derreta e a rede desligue quando estiver superaquecida", disse. "Mas a Eletropaulo está substituindo o chumbo por aço, para que os disjuntores não desliguem e não seja necessário deslocar equipes durante os temporais." O risco da substituição, segundo ele, é a sobrecarga no sistema, que pode danificar equipamentos elétricos dos consumidores ou romper o cabo e colocar em risco a vida de eventuais transeuntes. De acordo com Carta Aberta ao BNDES, que o sindicato começou a distribuir para a população esta semana, a Eletropaulo deixou de dar manutenção na rede para obter "lucro fácil e rápido para remessa de dividendos" ao exterior. "Neste período a Eletropaulo remeteu para o exterior US$ 318 milhões", afirma a carta. Entre as ações programadas para as próximas semanas, Aparecido anunciou manifestações diárias nas agências da Eletropaulo, debates na Assembléia Legislativa de São Paulo e na Câmara Municipal, uma audiência pública em Brasília, início da coleta de assinaturas para o abaixo-assinado que pede o controle da empresa pelo BNDES e campanha de denúncias na mídia.

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