
30 de julho de 2013 | 02h10
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), entidade que reúne pilotos e comissários, vai se reunir hoje com executivos da TAM para cobrar explicações sobre os cortes que estão sendo feitos na empresa. Segundo o sindicato, 290 tripulantes da companhia já foram demitidos ao longo do ano e há rumores de que a TAM planeja uma demissão em massa. A reunião será realizada hoje pela manhã em São Paulo.
"A TAM tem sinalizado que terá de reduzir o quadro de tripulantes em função de uma readequação da malha. Amanhã (hoje) queremos uma posição oficial da empresa. Queremos saber se ela vai demitir ou não, quantas pessoas e em que condições", disse o presidente do sindicato, Marcelo Ceriotti.
Circulam no mercado informações de que a companhia prepara um plano de demissão e novos cortes de oferta de voos, em função da deterioração do cenário econômico provocada pela alta do dólar e queda na demanda por passagens, disseram ao Estado cinco fontes do setor.
O clima de tensão na empresa se agravou no domingo, quando a TAM divulgou a escala dos tripulantes para o mês de agosto. Alguns pilotos contratados mais recentemente ficaram de sobreaviso, sem detalhes sobre sua escala de voos, disse uma pessoa ligada à empresa.
O temor se justifica porque a convenção coletiva da categoria determina que os pilotos em processo de admissão ou recém-contratados são os segundos na lista de cortes em caso de redução de quadro. À frente deles estão apenas os funcionários que quiserem deixar a empresa voluntariamente.
Desde o dia 1.º de junho, o sindicato já convocou cinco reuniões com a diretoria de recursos humanos da TAM para tratar de demissões. Segundo Ceriotti, a empresa já cortou 290 pilotos e comissários neste ano. "A empresa tem dito que eles não se enquadravam na função e que a rotatividade é normal. Mas achamos que já é o início de um plano de redução de quadro. Eles não recontrataram", disse o presidente do sindicato.
"Agora existe um rumor forte de nova demissão em massa. Queremos uma posição oficial da TAM sobre isso amanhã (hoje)", conclui.
Procurada pelo Estado, a TAM não comentou a questão.
Crise. As líderes do setor aéreo brasileiro adotaram desde o ano passado uma postura conservadora, que prevê corte de voos não rentáveis, revisão de planos de expansão de frota e enxugamento da equipe, após anos de crescimento acelerado. A estratégia visa reverter os prejuízos bilionários acumulados diante de uma demanda mais fraca e custos mais altos, especialmente do combustível.
"As empresas tiveram de reduzir sua oferta para melhorar a rentabilidade. A proposta é voar com o avião lotado e conseguir elevar os preços", disse o consultor em aviação, Nelson Riet. "Se tem menos voos, sobra piloto e comissário."
Gol e TAM chegaram ao fim do ano passado com volumes de passagens à venda para voos domésticos 9,52% e 3,7% inferiores à oferta em dezembro de 2011, respectivamente, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Os cortes continuaram na TAM no primeiro semestre deste ano - em junho, a oferta caiu 10,73% ante o mesmo mês de 2012, acima da projeção da empresa para o ano. Em relatório a investidores em maio, a Latam Airlines, empresa criada após a fusão da TAM com a chilena LAN, projeta uma redução entre 5% e 7% na capacidade da TAM no mercado doméstico.
A concorrente Gol anunciou no fim de junho que eliminará 200 voos a partir de agosto. A empresa disse, no entanto, que o corte não implicará em demissões. / COLABOROU FILIPE SERRANO
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