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Sindicatos cobram ação de Lula e ameaçam parar Embraer

Foto do author Leonencio Nossa
Por Vannildo Mendes , Leonencio Nossa e CAROLINA RUHMAN E ADRIANA CHIARINI
Atualização:

O secretário-geral da central sindical Conlutas, Luiz Carlos Prates, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), Adilson Santos, fizeram hoje declarações duras, no Palácio do Planalto, contra a Embraer por ter demitido 4.270 funcionários, cobraram medidas urgentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reverter as demissões e ameaçaram promover uma greve de todos os trabalhadores da empresa. Prates e Santos chegaram ao Planalto com a expectativa de serem recebidos por Lula, foram autorizados a entrar e a subir ao terceiro andar, onde fica o gabinete do presidente, mas este não os recebeu, segundo informação de assessores, porque a audiência não estava na agenda e ele tinha outros compromissos. Antes de se dirigir ao Palácio da Alvorada, Lula marcou uma audiência com os dois sindicalistas para, em princípio, quarta ou quinta-feira da próxima semana. Os dois sindicalistas, que foram recebidos por auxiliares do presidente, disseram que, quando chegarem de volta a São José dos Campos - sede da Embraer -, reunirão os trabalhadores da empresa em assembleia para discutir os próximos passos na mobilização contra as demissões. Prates e Adilson Santos argumentam que o governo tem poder de veto na Embraer por ser acionista da empresa e é detentor de ações preferenciais. Afirmam que, se Lula não tomar medidas "imediatamente" e se os demitidos não forem readmitidos, os trabalhadores vão "paralisar a Embraer" com uma greve total. "Queremos que o governo intervenha para reverter essas demissões. O governo tem poder de vetar (decisões da Embraer)", disse Prates, cobrando ações imediatas por parte de Lula, inclusive a edição de uma medida provisória (MP) para readmitir os demitidos. "O governo tem ações preferenciais da Embraer e tem controle sobre os fundos públicos que participam da administração da empresa. Portanto, pode fazer alguma coisa imediata para obrigar a Embraer a readmitir os trabalhadores", declarou Adilson Santos. Prates observou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) "dá muitos recursos" à Embraer. "Nós queremos pedir ao presidente Lula que reveja as demissões usando seu poder de veto, queremos sua intervenção para fazer com que a Embraer volte atrás", disse o secretário-geral da Conlutas. "Se o presidente não conseguir reverter (a situação dos demitidos), que a Embraer seja reestatizada, porque ela recebe muitos recursos do governo." Adilson Santos e Luiz Carlos Prates acusaram a Embraer de ter agido de má-fé. Disseram que, na quarta-feira passada, dirigentes da empresa haviam garantido aos dirigentes sindicais que não haveria demissões, mas, poucas horas depois, teve início o processo de demissões. Contaram que se reuniram com a consultoria jurídica da central sindical e do sindicato e com outras entidades sindicais e confirmaram que, para haver demissão coletiva, é preciso, por lei, negociar com os sindicatos, o que a Embraer, segundo os dois, não fez. CUT O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, acusou a Embraer de "oportunismo" por ter anunciado as demissões. A central classificou a demissão de "obra de incompetência administrativa e amadorismo gerencial" e informou que vai realizar mobilizações e ações políticas e jurídicas para pressionar a Embraer. O presidente da CUT também protestou pelo fato de a Embraer ter recebido aportes do BNDES, "cujo patrimônio é em grande parte composto por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT". E destacou que a empresa bateu recordes de vendas no ano passado. BNDES O BNDES vai se reunir nos próximos dias com a Embraer para avaliar de maneira mais precisa os acontecimentos, informou hoje à tarde a assessoria de imprensa da instituição financeira. A decisão de promover o encontro se deve ao anúncio feito ontem pela Embraer de demissão de cerca de 20% dos seus funcionários. O BNDES informou também que "as decisões tomadas pela empresa não necessitam ser comunicadas com antecedência ao banco", já que a instituição não participa da gestão da Embraer. O banco federal detém 5,2% do capital da Embraer desde 1997 até o ano passado, desembolsou US$ 8,39 bilhões em financiamentos às exportações da empresa.

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