Sindicatos pressionam Petrobrás para retomar negociação sobre participação nos lucros

Organizações alegam que proposta da estatal para o pagamento da remuneração variável olha apenas para o lado financeiro e não considera o desempenho operacional dos trabalhadores

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Por Fernanda Nunes
2 min de leitura

RIO - A Petrobrás e seus empregados devem fechar até o fim do ano novas regras de participação nos lucros e resultados (PLR) para 2021. Algumas mudanças foram sugeridas pela empresa em relação ao que vinha sendo praticado até então. Mas as duas federações sindicais dos petroleiros não estão de acordo com as propostas, e vão indicar aos trabalhadores que rejeitem as sugestões da empresa, em assembleias que vão acontecer nos próximos dias.

A nova política de pagamento de PLR proposta pela Petrobrás prevê que somente os funcionários que não exercem cargos de liderança, ou seja, o pessoal de "chão de fábrica", têm direito à remuneração variável, que será limitada a uma remuneração extra. Além disso, a Petrobrás quer que cada subsidiária tenha sua própria política de remuneração variável dos empregados.

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Sindicatos querem participação nos lucros e resultados atrelada ao desenvolvimento operacional dos funcionários da estatal. Foto: Fábio Motta/Estadão

Os sindicatos dos petroleiros consideram que os indicadores usados para definir os valores a serem pagos estão mais atrelados ao desempenho financeiro do que ao operacional e que os empregados "de chão de fábrica", alvo da PLR, pouco influenciam no resultado financeiro da companhia.

A intenção dos sindicatos, portanto, é que o pagamento da PLR esteja mais atrelado a metas operacionais, como produção de petróleo e derivados, por exemplo.

Os empregados da petrolífera estatal são representados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), ambas contrárias às propostas de remuneração variável da companhia.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, diz que a empresa inclui nas novas regras um item de "conflito de interesse" que influenciaria o pagamento, mas que não há clareza sobre o seu significado. Ele reclama também das excepcionalidades que têm provocado consecutivos prejuízos à Petrobrás neste ano e devem prejudicar a distribuição da participação do lucro. Diz também que a federação vai insistir com a empresa para manter o pagamento antecipado da PLR, no início do ano, como era feito até então.

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"Prezamos pela mesa de negociação, mas o acordo precisa ser bom para as duas partes", afirmou Deyvid, complementando que a intenção é iniciar nova rodada de negociações com a empresa. "A bandeira máxima da FNP sempre foi pela PLR máxima e linear, buscando a isonomia entre os empregados da Petrobras e também o valor máximo permitido por lei", avaliou Rafael Prado, diretor da FNP, em transmissão aos seus associados em seu site.

A Petrobrás, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que, ao longo de um processo de negociação, discutiu com os sindicatos os diversos termos das novas regras de pagamento de PLR. A última discussão aconteceu no dia 22 e o acordo deve ser fechado até o dia 31 de dezembro.

Sobre a determinação de que as subsidiárias tenham suas próprias regras de PLR, a empresa diz que a "mudança se faz necessária para alinhamento aos melhores princípios de governança corporativa e dispositivos legais. Dessa forma, cada empresa discutirá o seu regramento e contemplará as peculiaridades do seu negócio".

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