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Só a greve e a situação no exterior afetaram o crédito

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Por Redação
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Em setembro, as autoridades monetárias, considerando que a redução da taxa Selic bastava para manter um nível razoável de consumo, voltavam a falar de medidas macroprudenciais para conter o crédito. No final de outubro, quando foram divulgados os dados sobre a evolução do crédito naquele mês, a opinião do governo mudou totalmente, admitindo que a economia precisa do estímulo do crédito. Fala-se, agora, em reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as operações creditícias, e a presidente Dilma Rousseff pensa em reduzir os depósitos compulsórios para evitar uma alta do custo do crédito.Nota-se, realmente, menor expansão do crédito, que não tem nada de anormal. O saldo total do crédito bancário, de R$ 1.946 bilhões em outubro, aumentou 0,8% em valor real, chegando a representar 48,5% do Produto Interno Bruto (PIB), proporção que não se compara com as de países desenvolvidos, cuja distribuição de renda difere muito da nossa.As operações com recursos livres apresentaram aumento também de 0,8% no mês: de 1,1%, nas das pessoas físicas; e 0,5%, nas das empresas. O crédito direcionado expandiu-se 0,7%, apesar da retração das operações do BNDES, que representam 57,8% do total desses recursos, enquanto o crédito habitacional se expandiu 2,7%.Diante desse resultado, é difícil falar em recuo do crédito, mesmo porque é preciso levar em conta diversos fatores que agiram para impedir uma expansão maior. Em primeiro lugar, tivemos a greve dos bancários, cujo efeito maior foi reduzir a formalização do crédito pessoal pelos clientes, substituído, em alguns casos, pelo uso de cheques pessoais ou do crédito por meio de cartões de crédito, cujo custo é escandalosamente elevado.A fraca expansão dos empréstimos a empresas, em particular as industriais, se explica pela crise que se verifica no setor industrial, com forte recuo dos investimentos. Esse é um quadro que aparece melhor quando são levadas em consideração as concessões acumuladas, que sofreram forte recuo (de 4,5%) no caso das pessoas jurídicas e um aumento de 1,4% no caso das famílias.Em que medida a redução da taxa básica de juros repercutiu sobre o custo do crédito? No caso das empresas, ele caiu de 30% ao ano, em setembro, para 29,8% ao ano, no mês seguinte, mas o spread aumentou 0,1 ponto porcentual (p.p.). No caso das famílias, ele cresceu de 39% ao ano para 39,5% ao ano, e o spread foi para 1,4 p. p. - o que mostra as dificuldades dos bancos em captar recursos no exterior.

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