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Sob nova direção, BB eleva juros

Banco do Brasil justifica alta com o maior risco das operações, e Mantega deixa reunião fazendo elogios

Por Fernando Nakagawa e BRASÍLIA
Atualização:

Dados do Banco Central mostram que a média dos juros cobrados pelo Banco do Brasil (BB) subiu nos últimos dias, período que coincide com o início da gestão de Aldemir Bendine na instituição. O assunto foi tema de reunião ontem de toda a diretoria do banco com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao deixar a reunião, Mantega não fez críticas ao BB. Ao contrário, elogiou o trabalho da nova diretoria, mas disse que é possível fazer mais. No encontro, Bendine explicou ao ministro que a alta da taxa reflete o maior risco das operações feitas pelo BB, um perfil diferente dos tomadores de crédito e o alongamento dos prazos dos empréstimos. Bendine tomou posse em 23 de abril, em substituição a Antonio Lima Neto. Na ocasião, fontes do Ministério da Fazenda disseram que a troca atendia ao objetivo do governo de forçar a queda dos juros no Banco do Brasil, o que não estava ocorrendo com a velocidade desejada. Segundo o levantamento do BC, a média dos juros cobrados pelo BB no no financiamento da aquisição de bens, por exemplo, ficou em 2,46% ao ano entre 29 de abril e 6 de maio. Antes da posse de Bendine, entre 9 e 16 de abril, a taxa girava em torno de 2,16%. No crédito pessoal, a taxa também subiu, de 2,35% para 2,53% nesse período. CONJUNTURA Bendine disse ao ministro que o maior risco dos empréstimos praticados pelo banco pode se explicado pela conjuntura econômica, que provoca maior incerteza nas operações bancárias. Houve, ainda, mudança do perfil dos clientes, com a entrada de novos tomadores de empréstimos que têm nível de risco elevado se comparado à média observada antes. Ao mesmo tempo, houve aumento dos prazos dos empréstimos, o que amplia o risco da operação. Juntos, segundo Bendine, esses três fatores fizeram com que a taxa ponderada pelo volume de operações da instituição aumentasse em relação ao observado no início de abril. Apesar de todos esses fatores estarem relacionados ao maior risco dos empréstimos, a diretoria do Banco do Brasil rechaça a avaliação de que a alta do juro ao consumidor seja resultado do esforço que a instituição tem feito para conceder mais crédito em tempos de crise. SATISFEITO Ao deixar a reunião, Mantega disse que estava satisfeito com Aldemir Bendine. Apesar dos números do Banco Central, o ministro disse que o banco tem feito "bom trabalho ao reduzir os juros". A afirmação levou em conta, apenas, o comportamento das taxas mínimas e máximas praticadas pela instituição, que não subiram no período. Mantega, no entanto, admitiu que é preciso acelerar esse trabalho. "O desempenho da nova equipe é muito bom, eles estão cumprindo os objetivos que estabelecemos. Eles estão aumentando o volume de crédito acima do que o setor privado está fazendo. Ainda não é tanto como gostaria. Eu gostaria que eles aumentassem mais ainda, e vão fazê-lo. E gostaria que eles abaixassem ainda mais as taxas de juros." Sem apresentar dados, Mantega também disse que os números da inadimplência têm caído no Banco do Brasil. "Isso mostra que a solidez do banco se mantém", disse o ministro.

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