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Sob pressão, Toyota eleva recall a 8,5 milhões de carros

Por Marcilio Souza
Atualização:

A Toyota relutou por vários dias, mas anunciou hoje, após certa pressão do governo japonês, um recall de cerca de 437 mil veículos híbridos, por causa de problemas no sistema de freios. A decisão eleva para mais de 8,5 milhões de unidades o número total de veículos chamados recentemente pela montadora em todo o mundo. Outros 8,1 milhões de carros de vários outros modelos já haviam sido convocados para consertos por conta de falhas no pedal do acelerador e no tapete. O anúncio de hoje indica ainda que os problemas do grupo já atingem seu próprio país: até então, os clientes do Japão vinham sendo poupados dos chamados.Lançado em maio do ano passado, o Prius, um dos modelos envolvidos no recall anunciado hoje, é o carro mais vendido no Japão. No ano passado, a Toyota vendeu 311 mil unidades do modelo, 176 mil delas no Japão e 103 mil nos Estados Unidos. "O número de problemas relatados e a possibilidade de que as falhas continuassem foram fatores-chave por trás de nossa decisão de recall", disse o presidente da Toyota, Akyo Toyoda, um dos membros da família que fundou a empresa. "Sempre que encontrarmos falhas ou erros, nos certificaremos de corrigi-los. Isso faz parte de nosso DNA ''kaizen'' (de contínua melhoria)", afirmou, durante entrevista em Tóquio.Essa foi a primeira aparição em público de Toyoda na capital japonesa desde que a empresa começou a convocar diversos modelos para reparos em todo o mundo. Na última sexta-feira, Toyoda deu entrevista coletiva em Nagoya e pediu desculpas aos clientes.Na ocasião, afirmou que havia exigido ação rápida da companhia contra os problemas de freio do Prius, mas não chegou a dizer se a montadora faria um recall dos veículos. A empresa demorava a anunciar o recall, ao mesmo tempo em que crescia o número de reportagens da mídia japonesa informando que uma decisão nesse sentido era iminente.O caso também vinha sendo acompanhando pelas autoridades japonesas, que pressionavam por uma ação rápida e mais decisiva por parte da fabricante. Na última quarta-feira, o ministério de Transportes do Japão disse ter recebido 14 reclamações sobre problemas nos freios do Prius e pediu à montadora que investigasse o caso. Dois dias depois, o ministro, Seiji Maehara, disse que "se o problema é grande ou não, isso deve ser decidido pelos consumidores. Eu acredito que a resposta da Toyota de certa maneira não está de acordo com o ponto de vista do consumidor".Impacto financeiroAgora, resta a dúvida sobre o impacto nos resultados financeiros da Toyota dos quase 8,5 milhões de chamados feitos pela montadora. Na semana passada, a empresa estimou que o recall envolvendo apenas os problemas do acelerador pode lhe custar 100 bilhões de ienes (US$ 1,1 bilhão). Enquanto isso, as demais montadoras adotaram diferentes estratégias em reação aos problemas da Toyota. A General Motors, que nos últimos anos vinha disputando o mercado em seu país com a japonesa, promete US$ 1 mil para os clientes norte-americanos que trocarem os veículos da Toyota por seus carros. A Ford também lançou uma campanha na tentativa atrair os clientes da japonesa. A Honda, segunda maior montadora do Japão, não traçou uma tática específica para roubar clientes de sua maior concorrente, mas já alertou para o efeito cascata que a crise na Toyota pode causar sobre o setor, principalmente no que se refere à confiança dos consumidores.A própria Honda, aliás, anunciou no fim de janeiro um recall mundial de 646 mil veículos do modelo Fit, para examinar falhas relacionadas aos dispositivos de comando dos vidros elétricos. De acordo com a empresa, as falhas podem, "em casos extremos, gerar curto-circuito e risco de incêndio". A decisão envolve 186.902 carros no Brasil. As informações são da Dow Jones.

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