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Sobeet aponta cenário ainda pior para balança com real forte

Por Agencia Estado
Atualização:

Se a taxa real de câmbio se estabilizar nos patamares verificados em abril, a balança comercial dificilmente atingirá a meta de superávit ? exportações maiores que importações ? definida para este ano, na casa dos US$ 17 bilhões. O alerta foi feito hoje pela direção da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). "Não se pode brincar com juros e câmbio", afirmou Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da entidade. De acordo com um estudo da entidade sobre o impacto do comportamento do dólar no comércio exterior, a apreciação real do câmbio no período foi de 17,5%, praticamente o dobro da variação nominal, de 9%. Os dados comprovam que a perda da competitividade cambial do produto brasileiro foi, na verdade, muito superior do que a calculada com base no câmbio nominal. Ao cruzar os dados da taxa real do câmbio desde 1995 com os saldos comerciais mensais, a Sobeet concluiu que os déficits ? importações maiores que exportações ? mais expressivos da balança ocorrem nos períodos em que a taxa real manteve-se historicamente apreciada. Em outras palavras, para atingir um superávit comercial de US$ 17 bilhões, o País precisaria de um câmbio nominal entre US$ 3,30 e US$ 3,40, o que resultaria em uma taxa real ideal para o registro de um saldo positivo mais ajustado às necessidades do Brasil. "Para um país que depende de US$ 30 bilhões ao ano de recursos externos, não é conveniente interromper o ajuste na balança comercial devido a uma excessiva apreciação do câmbio", defende o presidente da Sobeet. Perspectivas A Sobeet estima que o ingresso de investimento direto estrangeiro (IDE) em 2004 seja de US$ 15 bilhões, acima dos US$ 12 bilhões projetados para este ano. O País deve manter sua posição entre os três países emergentes que mais recebem IDE. Considerando que há um grande espaço para a queda dos juros ainda neste ano, a projeção da Sobeet é de que a taxa nominal (Selic) encerrará 2003 em 21% ao ano, caindo para 15% no final de 2004. O presidente da Sobeet criticou a manutenção dos juros em 26,5%. "A posição mostrou não apenas excesso de conservadorismo do Banco Central, mas pior. Provou que o BC é refém do mercado financeiro, premiando os credores do Estado e transferindo recursos do povo para as mãos que detêm a dívida mobiliária." Confiante que os juros cairão até o fim do ano, a Sobeet acredita que o câmbio fecha 2003 cotado a R$ 3,30, subindo para R$ 3,50 no final de 2004. Para Lacerda, nada justifica a manutenção dos juros. "Não há pressão de custos à vista, temos uma excelente safra agrícola, houve reversão do câmbio e a demanda está retraída. Tenho certeza de que os juros vão cair e o Brasil entrará em uma fase de crescimento", afirmou. Para o PIB, as projeções da Sobeet são de alta de 1,5% em 2003 e 3% em 2004. No caso da inflação, a estimativa para o IGP-M é de 11% neste ano e de 7% em 2004. A conta corrente do balanço de pagamentos, segundo a estimativa da entidade, deve fechar o ano com um déficit de US$ 3,7 bilhões, valor que representa cerca de 10% do registrado no período 1997/1998, quando aconteceram as crises asiática e russa. Para 2004, a projeção de déficit é de US$ 4,3 bilhões. Na conta de serviços, o déficit neste ano deve ficar em torno de US$ 22 bilhões, número que tende a se repetir em 2004.

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