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Sobrecarga pode ser motivo das falhas no eSocial

Para especialistas em software, alto número de acessos simultâneos e possíveis erros na gestão do projeto eSocial explicam problemas

Por Claudia Tozzeto e Thiago Sawada
Atualização:
Complexidade do projeto foi subestimada, diz Florencia, da e-Stratégia Pública Foto: Divulgação

O grande número de acessos simultâneos ao sistema eSocial pode ser a principal causa das dificuldades enfrentadas pelos contribuintes na hora de emitir a guia de pagamento do Simples Doméstico. Essa é a principal hipótese apontada pelos especialistas em desenvolvimento de software consultados pelo Estado para explicar as falhas relatadas ao longo da última semana por usuários do sistema da Receita Federal em todo o País.

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É comum que serviços de internet fiquem fora do ar quando o número de requisições de acesso enviadas pelos computadores supera a capacidade do servidor em atendê-las. Como resultado, os serviços ficam mais lentos ou indisponíveis por alguns períodos de tempo. A causa, porém, não foi confirmada pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda, e responsável por criar o software para a Receita Federal.

“A capacidade de resposta do eSocial pode ter sido subavaliada”, diz o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Sergio Sgobbi.

Embora o número de acessos simultâneos não possa ser previsto com exatidão, os desenvolvedores podem simular sobrecargas aos sistemas.

De acordo com o diretor de marketing da consultoria BRQ, Camilo Perez, existem ferramentas que poderiam ter apontado a capacidade de resposta do eSocial antes de o sistema entrar em operação.

Gestão. Para a presidente da consultoria de inovação estratégica no setor público e-Stratégia Pública, Florencia Ferrer, o problema é reflexo de erros na gestão do projeto, metodologia largamente adotada em empresas de TI privadas, mas negligenciada em departamentos de TI de órgãos do governo. “Em projetos como este, é preciso criar uma interface para conectar vários sistemas desenvolvidos em linguagens diferentes. O governo subestimou a complexidade do projeto”, diz.

O sistema também pode ter encontrado inconsistências em bancos de dados de outras instituições, como da Previdência Social. “A base de dados do INSS está cheia de informações incorretas e o sistema pode não reconhecê-las”, diz o professor de TI da Fundação Vanzolini, Marcelo Pessoa.

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A variedade de dispositivos e de navegadores usados também pode dificultar o uso adequado do sistema. “Nenhum sistema nasce perfeito. É esperado que a primeira versão passe por ajustes”, diz Perez.

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