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Sociedade sabe o que é preciso fazer para diminuir desigualdade de gênero, dizem especialistas

Segundo mulheres que comandam movimentos que lutam por equidade de gênero, entrave está em adotar as medidas já conhecidas

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Por Redação
Atualização:

   

Cotas, programas que ajudam empreendedoras a se capacitarem e a terem acesso a crédito e, sobretudo, medidas de combate à violência contra as mulheres. A sociedade já sabe o que é preciso fazer para diminuir a desigualdade de gênero. O entrave, porém, está em adotar essas medidas, segundo Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora. 

A jornalista Karla Sportorno mediou o debate com Laura Somoggi, Ana Fontes e Marisa Cesar. Foto: Reprodução/YouTube

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Delegada líder do Brasil no W20 - grupo com representantes das 20 maiores economias do mundo que propõe políticas públicas e ações para a igualdade de gênero -, Ana Fontes destaca que, todos os anos, quando é elaborado o documento de recomendações do W20 aos líderes do G20, algumas pautas se repetem. 

“Isso acontece porque há uma grande dificuldade de mudança”, afirmou, na manhã desta sexta-feira, 27, em debate sobre a participação feminina no trabalho de redução das desigualdades, durante a Conferência Brasil Verde 2021 - evento realizado pelo Estadão.

Diretora de um programa global da Fundação Womanity focado na prevenção de violência contra mulheres e meninas, Laura Somoggi acrescentou que, ainda que se adotem leis que punam agressores, o contexto cultural torna mais difícil a redução da desigualdade de gênero.

“A gente sabe o que precisa ser feito, mas a transformação é difícil de acontecer, porque tem o contexto cultural, o patriarcado, que nada mais é que um desequilíbrio de poder grande entre homens e mulheres. Se a gente não mudar esse contexto, vai ser muito difícil colocar em prática o que a gente já sabe que deve ser feito.”

Política

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Na avaliação de Ana Fontes, o País tem retrocedido na agenda de gênero e nas políticas públicas de apoio às mulheres não só devido ao ambiente político e econômico, mas também em decorrência da covid-19.

“No que diz respeito à empregabilidade das mulheres, retrocedemos 30 anos (durante a pandemia)", afirmou. "Já no ambiente político, aumentamos para 30% (do valor mínimo do fundo partidário a campanhas eleitorais que deve ser aplicado em candidaturas femininas), mas regredimos nos ataques às mulheres na política. Isso tende a piorar na véspera das eleições, mas agora vemos acontecer fora da época eleitoral também.”

Parceiro em algumas iniciativas da Rede Mulher Empreendedora, o Grupo Mulheres do Brasil também vê com preocupação o retrocesso na equidade de gênero na política brasileira. Segundo a diretora executiva do movimento, Marisa Cesar, a reforma eleitoral é um dos temas que hoje causam apreensão.

“Somos um grupo suprapartidário, mas, as causas que identificamos como prioritárias para as mulheres, vamos lá defender. Fomos a Brasília discutir com políticos envolvidos na reforma eleitoral, porque não podemos perder esse espaço (na política). Querem rebaixar de 30% para 10% (a reserva de candidaturas). Nós queremos ampliar o número de assentos”, disse.

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