PUBLICIDADE

Publicidade

Société Générale perde US$7 bi por fraude de operador

Por SUDI
Atualização:

Uma "fraude massiva" cometida por um operador júnior deixou um buraco de 7 bilhões de dólares nas contas do banco francês Société Générale, manchando a credibilidade da instituição que foi obrigada a ir urgentemente atrás de capital. O banco central da França e o governo se desdobraram para elevar a confiança no sistema bancário depois que o SocGen, segundo maior banco francês, anunciou que foi vítima de uma fraude massiva e "excepcional" que resultou em perdas de 4,9 bilhões de euros, mais de 7 bilhões de dólares. Com pressa para cobrir o capital perdido, o banco anunciou um aumento de 5,5 bilhões de euros de capital, em vez de recorrer a fundos soberanos estrangeiros, como fizeram alguns bancos norte-americanos durante a recente crise de crédito. O banco francês afirmou que o aumento já foi subscrito pelos concorrentes. O SocGen, um dos mais antigos bancos da França e líder mundial em derivativos financeiros, afirmou que as perdas foram percebidas no fim de semana e culparam um jovem operador que, segundo o banco, tentou cobrir suas apostas ruins no mercado acionário. "Foi uma fraude extremamente sofisticada da forma como foi ocultada", afirmou o presidente do conselho do banco, Daniel Bouton, que se ofereceu para deixar o cargo, mas que foi mantido em sua posição. As ações do banco caíam mais de 6 por cento, para 74 euros. "É um caso sério, sem nenhuma relação com a atual situação nos mercados financeiros", apontou o primeiro ministro francês, François Fillon, em Davos, Suíça. O Banco da França anunciou um investigação a ser feita pela Comissão Bancária. O governador Christian Noyer afirmou que o SocGen tem sido capaz de superar a crise porque era "muito sólido". Se a fraude for comprovada, será o maior prejuízo causado por um único operador, superando o 1,4 bilhão de dólares de prejuízo causado por Nick Leeson que derrubou o banco britânico Barings nos anos 1990. O SocGen preferiu não identificar o operador, mas afirmou que ele foi afastado depois de confessar seus atos. Segundo três fontes dentro do banco disseram à Reuters, o fraudador foi identificado como Jerome Kerviel. As fontes preferem se manter em sigilo e o banco não quis comentar o assunto. Ele foi descrito como um homem na faixa dos 30 que trabalha para o banco desde 2002 e ganha menos que 100 mil euros por ano. O operador agora enfrenta processos do SocGen, que por sua vez já está sendo processado por um grupo de 100 acionistas furiosos. O banco acusou o operador de tomar posições "massivamente fraudulentas" em 2007 e 2008 nos índices acionários europeus, o que significa que ele estava apostando nos movimentos do preço das ações. Quando o banco descobriu as operações ocultas em 19 e 20 de janeiro, decidiu encerrar as posições no mercado o mais rápido possível, mas o momento coincidiu com um intenso movimento de vendas do mercado, e os prejuízos dos bancos nos negócios acabou somando 4,9 bilhões de euros. "Ele não era uma de nossas estrelas", afirmou um membro do conselho que prefere não se identificar. O presidente-executivo e presidente do conselho do Lehman Brothers, Richard Fuld, chamou o episódio de "pior pesadelo de todo mundo", durante comentário no Fórum Social Mundial, em Davos, Suíça. Além da fraude, o SocGen revelou um nova baixa contábil de 2,05 bilhões de euros relacionadas à crise de crédito.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.