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Solidariedade também faz bem para a carreira

Quem adere ao serviço social desenvolve talentos requisitados por empresas como liderança e aptidão pelo trabalho em equipe

Por MÁRCIA RODRIGUES
Atualização:

Ser engajado em ações sociais pode fazer bem não apenas para a vida pessoal. A carreira profissional também pode receber um incentivo no meio corporativo. O voluntariado também chama a atenção do empresariado e conquista espaço até mesmo no ambiente de trabalho.Seja para valorizar a sua marca, mostrando a responsabilidade social da companhia, ou até mesmo por afinidade com os projetos sociais, muitos desenvolvidos com organizações não governamentais (ONGs) parceiras ou com a comunidade do entorno, a iniciativa também vem sendo utilizada como uma ferramenta de gestão pelas empresas. "O profissional que atua com o voluntariado precisa comandar um grupo, identificar problemas de gestão e, em alguns casos, elaborar projetos para levantar fundos para a ONG. São características muito procuradas no meio corporativo", afirma a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla do NascimentoDe acordo com ela, o voluntariado desenvolve várias habilidades em uma pessoa que são admiradas no meio corporativo. Entre elas, liderança, flexibilidade, conhecimento e o trabalho em equipe. "A motivação do profissional também fica evidente quando ele começa a dedicar parte do seu tempo como voluntário", comenta.Apesar de ainda não ser uma exigência no mercado para conquistar um emprego, Leyla garante que a iniciativa é muito valorizada. Opinião semelhante tem o sócio da PricewaterhouseCoopers, João César Lima. "Ser voluntário é um diferencial muito importante porque mostra características preciosas do profissional. Demonstra, por exemplo, facilidade de trabalhar em equipe e controle para enfrentar desafios. Qualidades de peso observadas pelas empresas na hora da contratação", conta Lima. Ao criar um sistema de buscas para o Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP), que permite ao internauta, com a simples digitação do CEP, encontrar a ONG mais próxima de sua casa, o diretor da Smartgeo, Tiago Rodrigues José, não imaginava que o projeto faria tão bem para a sua equipe. "Muitas pessoas ajudam pelo fato de se sentirem importantes, outras pelo amor ao próximo ou por influencia da religião. Isto tudo, no ambiente corporativo, tem um impacto positivamente estrondoso na vida dos colaboradores, na produtividade, na maturidade da empresa e na saúde dos negócios", diz José.O programador Marcelo Picoli é um dos voluntários que atualizam o sistema do CVSP. "Não sou muito sociável, por isso não me daria bem fazendo algum trabalho social com crianças, por exemplo. A maior ajuda que eu posso dar é doando o que eu faço de melhor. Sei que as pessoas nunca vão saber o meu nome e o que eu fiz para o sistema estar no ar. Mas eu sei que estou ajudando. E isso me torna uma pessoa melhor", ressalta Picoli.A Promon, empresa de engenharia e tecnologia da Informação e Comunicação, também viu nos programas sociais uma forma de incentivar e manter a equipe cada vez mais integrada. "O principal ativo da empresa são os funcionários. E nós doamos o que fazemos de melhor: nossa mão de obra", diz o gerente de responsabilidade social da empresa, Fábio Risério. Cada voluntário se anima ao poder ajudar. A empresa apoia três ONGs: Casa de Zezinho, Ação Comunitária do Brasil e Gotas de Flor com Amor. Todas focadas na educação de jovens e crianças. Os funcionários oferecem aulas de inglês, matemática e português para os atendidos por essas instituições, além de orientação profissional. "Uma vez por semana dou aula de reforço de matemática para as crianças. Também já participei do programa de orientação profissional dando o meu depoimento de como superei as dificuldades e cheguei até aqui. Também estive do lado deles. Estudei em escola pública, mas consegui me superar", diz o engenheiro Rafael Vieira Souza.Após acompanhar as palestras e orientações profissionais, Gabriella Gonçalves, que era assistida por uma das ONGs, tomou gosto pelo trabalho social e resolveu investir na carreira. Hoje, é assistente de recursos humanos da Promon. "Entrei aqui como uma aluna e hoje é gratificante saber que consegui uma oportunidade de trabalho e que poderei fazer o mesmo por outras pessoas", conta Gabriella.Outra empresa que vê no voluntariado uma forma de organizar a equipe e incentivar a administração de conflitos é a Mega Sistemas. Neste ano, o tema da campanha escolhido foi "Um Show de Atendimento", fazendo uma alusão à área de atendimento. A missão dos colaboradores era elaborar e executar uma campanha solidária completa, desde a identificação de necessidades da entidade sorteada até a entrega das arrecadações. Seis entidades assistenciais de Itu e região foram beneficiadas com as doações. "Dividimos os colaboradores em equipes e percebemos que cada uma foi buscar alternativas para suprir as necessidades das entidades. Se tinham problemas, não se inibiam e corriam atrás do seu objetivo", diz a gerente de marketing da empresa, Letícia Spinardi.A Simpress também percebeu o aumento de integração da equipe após elaborar um projeto para auxiliar a Associação Paulista de Apoio à Família (Apaf) a receber as doações na Nota Fiscal Paulista. "Organizamos uma escala para os funcionários digitarem todo o conteúdo das notas ficais doadas para a entidade no site do governo. Parece pouco, mas o volume de notas é bem grande. E todos querem participar", diz o presidente da empresa, Vittorio Danesi. Ele acrescenta: "Também há um grupo que cuida da gestão da entidade."

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