Publicidade

'Somos liberais, mas não somos trouxas', diz Paulo Guedes

Em evento com empresários da indústria, o ministro afirmou que o ritmo de abertura da economia precisa respeitar o 'patrimônio' do parque industrial nacional

Foto do author Eduardo Rodrigues
Foto do author Célia Froufe
Por Eduardo Rodrigues e Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 27, que a reindustrialização do Brasil é um dos objetivos do governo. Para ele, o ritmo de abertura da economia precisa respeitar o “patrimônio” do parque industrial nacional. “Somos liberais, mas não somos trouxas”, afirmou, em participação em evento realizado pela Coalizão Indústria, em Brasília.

PUBLICIDADE

O ministro disse que assistiu com “muita tristeza” à redução da participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nas últimas décadas. “A forma de uma indústria ficar viva era conseguir uma proteção em Brasília e dividir com seus sindicatos o butim contra a sociedade brasileira. Enquanto havia uma exploração do consumidor, a indústria foi esmagada de 35% para 11% do PIB, quando ainda poderíamos ter de 20% a 25% do PIB.” 

Mais uma vez, o Guedes citou as medidas tomadas pelo governo durante a pandemia de covid-19 e defendeu a vacinação em massa da população para o retorno seguro ao trabalho. Ele repetiu que a abertura comercial do Brasil ocorrerá de forma gradual, com a aprovação de medidas de competitividade antes de uma abertura total. Ele citou a aprovação de novos marcos de cabotagem, energia e gás. "Nós não vamos derrubar a indústria brasileira em nome da abertura comercial", afirmou. 

O ministro Paulo Guedes em evento com empresários da indústria. Foto: Coalizão Indústria/Divulgação

Segundo o ministro, há ainda necessidade de revisão dos impostos sobre o setor produtivo. "A agroindústria brilha no mundo também porque setor tem 'ausência de tributação'", comentou.

Guedes defendeu ainda a criação de um polo digital no meio da Amazônia brasileira, semelhante ao Vale do Silício nos Estados Unidos, para atrair as grandes companhias estrangeiras do setor. "É preciso isenção tributária de 20 anos a companhias externas e brasileiras com sede na Amazônia. Manaus tem que ser a capital mundial da economia verde. O futuro é verde e digital, temos que redesenhar o modelo na Amazônia.” 

Em meio aos embates do presidente Jair Bolsonaro com a CPI da Covid no Senado, o presidente chegou a ameaçar a Zona Franca de Manaus para atingir o presidente da Comissão Parlamentar, senador Omar Aziz (PSD), e o senador Eduardo Braga (MDB) - ambos representantes do Amazonas. "Imagine Manaus sem a Zona Franca. Hein, senador Aziz? Você que fala tanto na CPI, senador Eduardo Braga. Imagine aí o Estado, ou Manaus, sem a Zona Franca?", disse o presidente em live no último dia 20. 

A fala de Bolsonaro foi rebatida por diversos parlamentares do Amazonas. Guedes reafirmou que tem "muito respeito" pela Zona Franca.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.