PUBLICIDADE

Sondagem industrial da CNI revela piora na expectativa de exportadores

A depreciação do dólar frente ao real tem reduzido o faturamento das empresas exportadoras, na maioria de grande porte, tornando-se um problema destacado por 48,7% das grandes empresas.

Por Agencia Estado
Atualização:

A taxa de câmbio ganhou importância no ranking dos principais problemas enfrentados pelas grandes empresas, segundo a sondagem industrial no segundo trimestre de 2005 divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A depreciação do dólar frente ao real tem reduzido o faturamento das empresas exportadoras, na maioria de grande porte, tornando-se um problema destacado por 48,7% das grandes empresas. Diante deste problema, o setor industrial espera redução das exportações nos próximos seis meses. Isso acontece depois de mais de seis anos de expectativas positivas. De acordo com a CNI, o indicador atingiu 45,9 pontos, o menor de toda a série histórica que não ficava abaixo dos 50 pontos desde outubro de 1998. O coordenador da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, disse que a queda nas expectativas em relação às exportações é visível principalmente entre aquelas empresas que não têm ainda uma estratégia clara de exportação. Também, segundo ele, a taxa de câmbio inibe a entrada de novas empresas no mercado externo. "Para mantermos indicadores de crescimento das exportações dos últimos anos é preciso atrair novas empresas e isso está senso posto em risco", disse. Entre as grande empresas exportadoras, segundo ele, o indicador ainda é positivo, se situando acima de 50 pontos. Entre eles, estão os setores de bebidas, matérias plásticas e borracha. Oito dos 17 setores pesquisados esperam redução das suas exportações, em especial madeira e mobiliário, e seis setores apresentaram claras expectativas de aumento das exportações. Carga tributária é o maior problema As taxas de juros elevadas continuam no ranking dos principais problemas enfrentados pelas grandes empresas, bem como a falta de demanda. "O arrefecimento na demanda interna e a retração nas expectativas em relação às exportações explicam as perdas de dinamismo na indústria. A soma desses dois fatores é que justificou a recuperação da atividade industrial no segundo semestre de 2004", explicou Castelo Branco. Já a elevada carga tributária continua sendo o maior problema detectado pelas empresas. A carga tributária foi apontada por 66% das grandes empresas e por 72% das pequenas e médias. Estoques aumentam Com juros altos e real valorizado, houve uma formação de estoques "indesejados" na indústria, no segundo trimestre deste ano, afirmou Castelo Branco. Segundo ele, esse movimento é mais visível nas grandes empresas. O indicador, que mede a relação entre o estoque efetivo e o planejado para as grandes empresas, foi de 58,3 pontos, o segundo maior em sete anos, ficando abaixo apenas do verificado no segundo trimestre de 2003. Segundo Castelo Branco, o ideal é que o indicador ficasse perto dos 50 pontos, o que indicaria um equilíbrio entre a produção e o volume de encomendas. Para a CNI, a situação atual é semelhante à que ocorreu no início de 2003, quando houve desaquecimento da atividade industrial e elevação significativa dos estoques por dois trimestres consecutivos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.