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SP surpreende por não conter piores categorias de qualidade de vida

Região metropolitana de São Paulo apresenta divisão mais justa de sua população, mas melhores condições de vida estão nas áreas centrais 

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Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO, SALVADOR E RECIFE - Embora a Região Metropolitana de São Paulo apresente a maior concentração populacional do País (19,4 milhões de pessoas em 2010), a metrópole se destaca por não apresentar uma parcela considerável da população naquelas que são consideradas as piores categorias: I, J e K

A vendedora de frutasLuciana de Jesus Santos com a filha de 2 anos Ana Beatriz. Foto: CLEUSA DUARTE

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“Isso foi algo que nos surpreendeu: São Paulo, com toda a sua concentração urbana, conseguiu não ter as piores categorias”, afirmou o geógrafo do IBGE Maurício Gonçalves e Silva, um dos responsáveis pela pesquisa “Tipologia Intraurbana – Espaços de diferenciação socioeconômica nas concentrações urbanas do Brasil”, divulgada quarta-feira, 20. 

Além disso, a região apresenta uma divisão mais justa – se comparada a outras no País. Nas classes A, B e C estão 10% da população. Na D e E, ficam 61,8% e nas piores registradas por lá, F, G e H, são 28,4%.

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A distribuição espacial das pessoas com melhores e piores condições de vida em São Paulo segue um padrão tradicional, segundo o geógrafo. “São Paulo tem uma característica que chamamos de radial, as melhores condições de vida são centrais e, a medida que nos afastamos do centro, as condições vão piorando”, explicou Maurício Gonçalves e Silva.

“Tanto é assim que as favelas começam a aparecer nas bordas, na periferia, com exceção de Paraisópolis e Heliópolis que são mais centrais.” É diferente do Rio de Janeiro, por exemplo, em que as áreas mais ricas se concentram no litoral e as favelas são mais entremeadas nas regiões de melhores condições.

Nordeste. O Nordeste lidera o ranking das piores condições de vida do País. Quase 60% dos seus moradores estão nas condições G e K (as piores em uma escala de A a K), segundo estudo do IBGE que apresentou um novo recorte para a desigualdade do País.

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A vendedora de frutas autônoma, Luciana de Jesus Santos, de 36 anos, tem enfrentado as crises econômicas fazendo faxinas e vendendo frutas. Ela mora no Arraial do Retiro, periferia de Salvador, com o marido, David Ricardo, de 33 anos, pintor, e a filha, Ana Beatriz, de 2.

“Saio logo cedo e compro as frutas da estação, na Feira de São Joaquim. La é bem mais barato e revendo aqui na porta da minha casa.” Em média, Luciana consegue a renda de um salário mínimo mensal. No bairro onde a família mora, a internet é de difícil acesso. Televisão, só a aberta, com uma antena externa.

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Aos 39 anos, a recifense Veridiana Mércia Xavier conseguiu, há quatro meses, seu primeiro emprego de carteira assinada e agora é zeladora de um edifício residencial no bairro de Casa Amarela, na zona norte do Recife. Única responsável pelo sustento de três filhas – de 20, 18 e 12 anos – e da mãe, que já passou dos 60 e enfrenta problemas de saúde. 

No pequeno imóvel que aluga por R$ 300 no bairro de Jardim São Paulo, , não há conforto. As ligações de água e energia são clandestinas e comumente falham. Também não há rede de esgoto. Das cinco moradoras, apenas Veridiana e a filha mais velha têm celular. “A gente conseguiu comprar uma televisão há dois meses, com a ajuda de um irmão meu. Mas o mais importante a gente tem, que é a geladeira.” /COLABORARAM CLEUSA DUARTE E MONICA BERNARDES, ESPECIAL PARA O ESTADO 

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