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Stephanes: Brasil quer manter negociação com UE

Por Fabiola Salvador
Atualização:

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse hoje que o interesse do governo é manter aberta a negociação com a União Européia (UE) para a inclusão de novas fazendas na lista de produtores aptos a exportar carne in natura à Europa. O ministro lembrou que as autoridades européias sinalizaram que não haverá restrições desde que as fazendas cumpram as exigências do bloco. O ministro disse ainda que um "pente fino" feito nas fazendas mostrou que nem 100 propriedades cumpriam as regras da União Européia. Ele disse que tem consultado especialistas sobre a rastreabilidade. "Eles são unânimes em dizer que a rastreabilidade veio para ficar e que as regras exigidas pela União Européia serão adotadas por outros países", disse. Stephanes disse que, logo depois de assumir a pasta do ministério, recebeu uma carta da União Européia com uma lista de cinco ou seis itens que precisavam ser aperfeiçoados na área de defesa sanitária. Entre esses itens estava a criação de uma zona de segurança, uma nova legislação para a febre aftosa e a ampliação de testes de consistência das vacinas. "Além dos itens de defesa sanitária, havia um item que tratava da rastreabilidade. Os itens de defesa foram todos corrigidos no prazo de cinco meses", disse Stephanes. Segundo ele, a União Européia já havia sinalizado que poderia embargar a carne brasileira, mas como havia interesse no produto os europeus decidiram dar condições do Brasil se recuperar. "Resolvemos manter a porta aberta e não prejudicar as vendas para outros países que importam do Brasil", afirmou. Erros O ministro da Agricultura afirmou que em oito anos de implantação do sistema de rastreabilidade (Sisbov) foram detectados vários erros no processo de certificação. Segundo ele, os frigoríficos cometeram erros graves e as certificadoras erros gravíssimos. Já os produtores, na avaliação do ministro, não cometeram erros graves, nem gravíssimos, porque não tiveram o incentivo necessário para aderir ao sistema. "Muita gente errou. Todos os atores erraram", disse Stephanes, que lembrou que só ele determinou uma auditoria nas certificadoras para detectar possíveis falhas. Caiado O ministro Stephanes lembrou que a decisão do Brasil de aceitar o sistema de lista proposto pela União Européia tem sido contestada por alguns setores. O ministro estava se referindo diretamente ao deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) que elaborou o texto de um mandato de segurança pedindo a intervenção da lista. Segundo o ministro, apesar das reclamações, os produtores não optaram pelo caminho judicial. Há pouco mais de dez dias, a Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato) decidiu não apoiar a iniciativa do deputado, retirando o apoio do Estado dono do maior rebanho do Brasil. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse hoje que o ministério da Agricultura é responsável pela venda irregular de carne pela União Européia (UE). Ele se referia à declaração do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que disse em audiência pública no Senado, que o Brasil tinha vendido carne não rastreada para o bloco europeu. Segundo Caiado, o ministro fez a declaração e "lavou as mãos". "A responsabilidade é do ministério da Agricultura, que assinou o certificado e bateu o carimbo na carcaça", disse o deputado. O deputado também criticou outros setores do governo que não levam adiante a proposta de questionar na Organização Mundial do Comércio (OMC) as regras de rastreabilidade impostas pela União Européia (EU) ao Brasil. "É só cara de paisagem", disse Caiado.

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