PUBLICIDADE

Publicidade

Após empate, julgamento do STF sobre critérios para privatização será retomado nesta quinta-feira

O plenário discute se mantém ou derruba uma liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski em junho do ano passado

Foto do author Amanda Pupo
Por Amanda Pupo (Broadcast) e Rafael Moraes Moura
Atualização:

BRASÍLIA - Após quatro votos e um empate no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros irão retomar nesta quinta-feira o julgamento que decidirá sobre a necessidade de aval do Congresso para a venda de ações de empresas públicas, sociedades de economia mista ou de suas subsidiárias sempre que se trate de alienar o controle acionário. Sete ministros ainda precisam votar.

O plenário discute se mantém ou derruba uma liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski em junho do ano passado, que condicionou essas vendas a aprovação de lei pelo Congresso, assim como exigiu que haja um processo licitatório nessas situações. Dados da equipe econômica indicam que a privatização de empresas estatais poderia gerar mais de R$ 80 bilhões. Nas últimas semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o advogado-geral da União, André Mendonça, conversaram com ministros do Supremo para alertar sobre a importância do tema para o governo.

O julgamento foi iniciado na tarde desta quarta-feira, com voto do relator Ricardo Lewandowski Foto: Rosinei Coutinho/STF - 23

PUBLICIDADE

Primeiro a votar, Lewandowski se posicionou para manter sua liminar, no que foi acompanhado pelo ministro Edson Fachin. Quem abriu a divergência foi o ministro Alexandre de Moraes, para quem, em caso de venda ou perda de controle acionário de subsidiárias, sejam elas de empresas públicas ou de sociedade de economia mista, não há necessidade de autorização prévia do legislativo. O ministro também entende que nesses casos é autorizado dispensar a licitação. Ele ressalvou, no entanto, que a venda de uma estatal, ou seja, a “empresa-mãe”, exige a autorização do Congresso.

Quarto a votar, o ministro Luís Roberto Barroso também se posicionou para derrubar a liminar de Lewandowski. Em seu voto, o ministro defende que a alienação do controle acionário de subsidiárias não precisa de autorização, e que a licitação pode ser dispensada quando há um procedimento que propicie um cenário de competitividade. 

Barroso usou como exemplo o processo de venda da Transportadora Associada de Gás (TAG) pela Petrobras, que seguiu regras estipuladas pelo Tribunal de Contas da União. Na visão de Barroso e de Moraes, esse processo já basta para a venda das subsidiárias. Apesar de os dois ministros terem citado o caso da TAG, o plenário ainda não está discutindo a venda desta empresa especificamente. Primeiramente, o STF irá definir sua posição de forma genérica, por meio das ações em que Lewandowski é relator; depois, será o momento de analisar a ação relativa a TAG.

Tamanho

Em seu voto, Barroso defendeu que a redução do Estado, feita através dos processos de desinvestimento que as estatais tentam fazer, não afronta a Constituição, pelo contrário. Para o ministro, essa é uma forma de o poder público ajustar seu tamanho ao que prevê o texto constitucional. Barroso ainda afirmou ser necessário que a Corte "raramente" interfira em questões econômicas decididas por gestores públicos. 

Publicidade

O ministro disse também que, em sua visão, o STF está travando um “debate político” disfarçado de discussão jurídica. "Eu acho que no fundo nós estamos travando um debate político disfarçado de discussão jurídica. Que é a definição de qual deve ser o papel do Estado e quem deve deliberar sobre este papel no Brasil atuar. Eu acho é uma decisão do Executivo, eu acho que há uma legislação que autoriza esse encaminhamento", afirmou Barroso, que criticou o que chamou de “fetiche” de colocar o aparelho estatal como “protagonista de tudo”.Após a declaração, Fachin disse que, em seu voto, não teve intenção de fazer "discurso político na leitura da Constituição". "É nesse limite que proferi o voto", concluiu.  

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.