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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Sua conta bancária, agora em nuvem

Especialistas apontam que a migração para a nuvem tende a aumentar a disputa entre instituições tradicionais e fintechs

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Atualização:

Há duas semanas, o Itaú Unibanco, uma das maiores instituições financeiras da América Latina, anunciou a migração dos seus sistemas de tecnologia para uma arquitetura tecnológica em nuvem, mais flexível e sob demanda, oferecida pela Amazon Web Services (AWS).  É mais um passo no processo de transformação digital do banco. Segue outros gigantes do setor financeiro, como Goldman Sachs, BNP Paribas e HSBC, que já anunciaram investimentos em nuvem para garantir maior sustentabilidade das suas operações. 

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Três perguntas que qualquer correntista pode fazer: o que muda nas relações do cliente com o banco? Essa iniciativa levará outros bancos ao mesmo caminho? Até que ponto fica garantido o sigilo das operações se elas ficam armazenadas nesse espaço nebuloso, algo que parece etéreo e, mais que tudo, supostamente acessível a um desses espertinhos em computador? Antes disso, algumas informações.

O serviço de computação em nuvem permite que as empresas acessem os seus sistemas de informática por meio de centros de dados externos conectados à internet. Efeito importante é a redução de custos operacionais que hoje os bancos mantêm com grandes servidores físicos que operam para eles. 

Como explica Ricardo Guerra, responsável pela área de tecnologia do Itaú, a maior parte da infraestrutura de tecnologia (mainframes e data centers), aplicativos e sistemas de call center devem ser levados para a nuvem em dois anos. Serviços como o Pix e o Credicard já funcionam com esse tipo de tecnologia.  “O objetivo é otimizar e acelerar a inovação em todas as linhas de negócio do banco. O principal resultado esperado será a melhora da experiência do usuário, desde o acesso mais rápido e a navegação pelos canais de atendimento, até a oferta de produtos e serviços customizados”, diz Guerra. 

O serviço de computação em nuvem permite que as empresas acessem os seus sistemas de informática por meio de centros de dados externos conectados à internet. Foto: Marcos Müller/Estadão Foto:

A consultoria americana Gartner prevê para 2021 aumento de 18%, na comparação com 2020, em despesas com utilização de serviços de nuvem pública, para um total de US$ 304,9 bilhões. Uma das razões pelas quais o serviço passou a ser mais adotado foi sua melhor conformação ao novo ambiente de trabalho que se formou com a pandemia

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Leonardo Militelli, sócio-diretor da IBLISS Digital Security, empresa brasileira de cibersegurança, explica que, na nuvem, as empresas conseguem ter maior flexibilidade para dimensionar seus sistemas. Também passarão a ter melhor controle sobre a infraestrutura tecnológica utilizada. O ambiente evita tanto a ociosidade da infraestrutura como a sobrecarga do sistema nos horários de pico. 

“As instituições já perceberam que essa tecnologia oferece ganhos operacionais na execução dos negócios que a infraestrutura tradicional não proporciona. O open banking está próximo de se tornar realidade no Brasil e a nuvem vai viabilizar mais rapidamente a interconectividade entre as instituições financeiras”, afirma Militelli. 

O movimento feito pelo Itaú tende também a intensificar a concorrência dentro do setor. As fintechs já nasceram com o DNA da nuvem em seu “core business” e vinham ganhando espaço no mercado graças a essa vantagem. Para Maurício Cascão, CEO da Mandic Cloud Solutions, empresa brasileira especializada em soluções de computação em nuvem, a adoção dessa infraestrutura possibilita que as instituições atuem com mais agilidade no meio digital e ofertem produtos financeiros, como seguros e empréstimos, a juros mais baixos e outros serviços em plataformas mais modernas.  “As instituições mais tradicionais, até então, se moviam de forma mais lenta para a nuvem. Com a adoção dessa estrutura, os bancos equilibram o jogo no mercado catalisando o aspecto de agilidade e inovação dessa ferramenta, forçando outros players a seguirem o mesmo caminho”, pontua Cascão. 

A mudança é vista com bons olhos pelos especialistas em segurança, que confiam na expertise das empresas que ofertam o serviço em garantir a proteção do ambiente. Gigantes da tecnologia, como Amazon, Microsoft, Google e IBM estão entre os principais provedores da modalidade no mercado.  Com todo esse movimento de migração, a segurança deve continuar sendo uma das maiores preocupações do setor bancário que, no momento, continua sujeito às invasões, apesar dos grandes investimentos realizados para proteger as informações financeiras dos seus clientes./COM PABLO SANTANA

* COMENTARISTA DE ECONOMIA 

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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