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Subsídio europeu banca até campo de golfe

Relatório da Corte de Auditores da UE conclui que parte dos recursos destinados a agricultores acaba financiando atividades em outras áreas

Por Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

Os bilionários subsídios agrícolas dados pela União Européia (UE) estão sendo usados até mesmo na construção de clubes de golfe e de equitacão, e no pagamento de alimentação em empresas aéreas e companhias de trem. É o que concluiu a Corte de Auditores da Europa, um órgão oficial do bloco, que avaliou os recursos distribuídos por Bruxelas aos agricultores. Segundo a organização não-governamental (ONG) Farmsubsidies Network, já está provado também que a rainha da Inglaterra, Elisabeth II, o príncipe Alberto, de Mônaco, e outras famílias reais se beneficiam dos subsídios por possuírem terras. No total, a Comissão Européia distribuiu 49,8 bilhões em subsídios agrícolas em 2006. Segundo a corte, os recursos estão deixando de ajudar aos pequenos produtores para beneficiar cada vez mais as grandes empresas. Os auditores recusaram-se a aprovar o orçamento da Comissão Européia, ainda que o veto não signifique que o dinheiro deixará de ser dado. O que mais gerou protestos na corte é o fato de que o dinheiro também passou a ser dado a beneficiários "pouco tradicionais" no setor agrícola. "A corte notou que empresas como ferrovias (na Inglaterra), clubes de equitação (Alemanha e Suécia) e clubes de golfe (usavam o dinheiro)", afirmou o documento. O problema é que, cada vez mais, o dinheiro está sendo dado para proprietários de terras em zonas rurais, e não para produtores. A conseqüência, segundo os auditores, é uma valorização desses terrenos, de 28 euros por hectare em 2005 para algo como 280 em 2012. Nos anos 80 e 90, quem recebia os subsídios eram os produtores que arrendavam a terra dos proprietários. Hoje, pela avaliação dos especialistas, os subsídios representam uma atração tão grande que os proprietários preferem receber eles mesmos os subsídios do que arrendar a terra. Segundo a Farmsubsidies Network, até mesmo companhias aéreas conseguem hoje se qualificar para receber subsídios agrícolas. Isso porque provam que estão exportando alimentos. Ou seja, a cada refeição em um trajeto internacional, alegam que estão exportando os alimentos e, assim, conseguem receber ajuda da UE. Outra crítica da Corte de Auditores é quanto aos subsídios dados pela Comissão Européia para ajudar os produtores a cuidar do meio ambiente. O dinheiro é dado para ajudar o fazendeiro a reduzir a poluição produzida por fertilizantes e outras técnicas.

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