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Substituição de importações de insumos é lenta, diz pesquisa

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da desvalorização do real, o processo de substituição de importações de insumos e matérias-primas na indústria continua lento. Na avaliação da maior parte das indústrias, a inexistência de oferta doméstica obriga a compra de insumos importados, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A falta de investimentos em novos insumos, motivada pelos juros altos e baixo crescimento da economia, agrava o quadro. "A grande mudança ocorre quando há investimento para se ter uma produção doméstica nova, de qualidade. Quando isso ocorre, as empresas mudam de fornecedor. Mas, para isso, é preciso um cenário macroeconômico melhor, expectativas de crescimento, taxa de juros menores, condições que faltaram nos últimos anos", afirma o coordenador da unidade de economia e estatística da CNI, Renato da Fonseca. O economista reconhece que o diagnóstico, captado a partir de uma sondagem realizada junto a industriais, diverge da avaliação de alguns consultores, de que o processo de substituição avança francamente. Fonseca explica que, desde a mudança do regime cambial, em 1999, a substituição da importação de bens de consumo foi logo percebida. No caso dos insumos e matérias-primas, contudo, era de se esperar que a substituição fosse realmente lenta. Em determinados setores, o fato de não haver insumo similar no mercado nacional supera a média já elevada na indústria. É o caso dos setores de material de transportes (no qual 72% das empresas acusaram o problema), química (71%) e material elétrico (70%). Na média geral, outros problemas apontados estão ligados a característica do produto, qualidade, preço, mas foram citados por menos de 35% indústrias ouvidas. Além da ausência de similares domésticos e da falta de investimentos, o economista da CNI indica que a oscilação em "ziguezague" da cotação da moeda, interrompida apenas no ano passado, também dificultou a formação de um retrato claro de preços para a indústria. "Em 2002 houve uma desvalorização quase que contínua", afirma. Ainda assim, no ano passado o percentual de empresas que realizou algum tipo de substituição foi pouco superior ao do ano anterior. Talvez até por conta da desvalorização do ano passado, a expectativa de substituição de importações para 2003 foi maior do que nas pesquisas anteriores. Apenas depois de quatro anos das mudanças no câmbio, a possibilidade de substituição de insumos alcançou mais da metade das indústrias consultadas. Das grandes indústrias, 58,4% pretendem fazer alguma substituição parcial, enquanto 37,3% não farão. Nas pequenas e médias, 49,3% pretende comprar parte dos insumos localmente. "A perspectiva é maior, mas poucas indústrias prevêem realizar substituições totais", pondera Fonseca. Somente 4,2% das pequenas e médias projetam substituir totalmente os insumos, fatia que cai para 0,6%, no caso das grandes.

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