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Sucesso de leilão de hidrelétricas dependerá de grupos de fora

Companhias da Europae da China surgem como potenciais líderesde consórcios paralicitação de 29 usinas

Por André Magnabosco
Atualização:

O êxito do governo federal em captar até R$ 17 bilhões com o pagamento de outorgas pela concessão de 29 usinas hidrelétricas dependerá, necessariamente, da atração de investidores estrangeiros. Grupos europeus e chineses, principalmente, são candidatos a liderarem consórcios que participarão da disputa, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Ao lado deles, entretanto, devem estar empresas brasileiras que já estão habituadas com a operação do sistema nacional e, sobretudo, com o complexo ambiente regulatório nacional.

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As negociações entre grupos estrangeiros e brasileiros estão em curso, segundo o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior. Aos estrangeiros caberá o aporte de capital, dado que as empresas brasileiras enfrentam, em sua grande maioria, restrições de caixa ou problemas para captar recursos a preços competitivos. “Nenhum grupo brasileiro é capaz de fazer isso (investimento) sozinho, mas os ativos brasileiros são bons o suficiente para atraírem capital estrangeiro”, disse o executivo.

O sucesso do leilão passa, necessariamente, pela licitação das hidrelétricas de Ilha Solteira e Jupiá. Os dois ativos, atualmente operados pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp), estão avaliados em R$ 13,8 bilhões. As demais 27 usinas do leilão, a maior parte controlada pelas igualmente estatais Cemig, de Minas Gerais, e Copel, do Paraná, devem movimentar outros R$ 3,2 bilhões, caso alcançado o desejo do governo federal. Do montante de R$ 17 bilhões desejado, cerca de R$ 11 bilhões devem ser pagos ao governo federal na primeira quinzena de dezembro e os R$ 6 bilhões restantes ainda no primeiro semestre de 2016.

O grupo de potenciais interessados nas duas grandes usinas do leilão é variado e tem como principal destaque a China Three Gorges Corporation (CTG). Outros grupos estrangeiros, casos da Engie (antiga GDF Suez), Enel e AES, também são candidatos, segundo um executivo de um banco brasileiro, que falou sob a condição de anonimato. A também chinesa State Grid já declarou que pretende ser uma participante importante no segmento de geração, e por isso sua presença também é esperada.

Financiamento. O principal entrave a ser superado pelos grupos nacionais é a capacidade de captar recursos em um cenário de incertezas políticas e econômicas envolvendo o Brasil, agravado pela perda, em setembro, do grau de investimento dado pela agência Standard & Poor’s.

Se no exterior o acesso a recursos pode se mostrar caro e algumas vezes inviável quando comparado ao custo de concorrentes estrangeiros, no Brasil a situação não é diferente. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tradicional fonte de recursos do setor elétrico, não financia projetos dessa natureza, ao contrário de investimentos em novas usinas de geração.

Já os bancos comerciais apresentam neste momento grande exposição ao setor elétrico, destaca o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, e por isso também devem adotar cautela. “Os bancos emprestaram R$ 21 bilhões às distribuidoras e ainda possuem grande volume de recursos nos projetos atualmente em construção”, lembra.

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