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Suco de laranja em crise leva Cutrale a exportar grãos

Por Ricardo Brandt e CAMPINAS
Atualização:

A Cutrale, uma das maiores produtoras de suco de laranja do mundo, está investindo em soja e milho para exportação. Em meio a uma das piores crises vividas pela citricultura no Brasil, com estoques em alta nas indústrias e queda de consumo do produto pelo mundo, a empresa entrou nos negócios de grãos usando sua estrutura de logística montada para os negócios com polpa de laranja.A empresa investiu em plantações de soja e milho em Mato Grosso do Sul e mantém dois escritórios, em Rondonópolis e Sorriso, em Mato Grosso. As duas cidades estão entre as maiores produtoras (em quantidade e em área plantada) desses grãos no País e concentram grandes esmagadoras do produto.A Cutrale também investiu em uma trading, com colaboradores que compram grãos dos produtores nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, para comercializá-los com outros países, principalmente os asiáticos. O escoamento será feito por meio de um terminal portuário que a empresa já mantém em Guarujá (SP), e que era usado até o ano passado exclusivamente para remessas de polpa de suco de laranja para o exterior."A empresa decidiu comercializar essas commodities por seu grande potencial de crescimento e pela demanda cada vez maior apresentada por países asiáticos e de outras regiões do mundo", informou a Cutrale, por meio de nota. O volume produzido e o exportado não foram divulgados.Consumo. A diversificação nos negócios da Cutrale coincide com um dos piores momentos para os produtores de laranja do País. Estima-se que quase 20 milhões de caixas da safra precoce já tenham apodrecido no chão, porque as indústrias processadoras de suco não estão comprando. Com a queda no consumo de suco de 2,7 bilhões de toneladas ao ano para 2 bilhões de toneladas nos últimos dez anos e com os estoques cheios após a supersafra de 2011, as indústrias pararam de comprar laranja.A Cutrale é a última produtora exclusiva de suco de laranja a diversificar seus negócios de commodities. Os outros dois grandes grupos do setor, a Louis Dreyfus e a Citrosuco/Citrovita, já atuam em outras áreas.Há mais de 40 anos no setor de citricultura, a Cutrale era a líder de exportações, até 2011, quando houve a fusão da Citrovita, do grupo Votorantim, com a Citrosuco, do grupo Fisher, dando nova configuração ao mercado. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr), a Dreyfus é hoje responsável por 20% do suco exportado e os outros dois grupos 40% cada um. O presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Marco Antonio dos Santos, avalia que o novo filão da Cutrale faz parte de uma política de diversificação para se proteger da crise no segmento.

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