O consórcio Energia Sustentável do Brasil, liderado pela Suez e responsável pela usina de Jirau, disse na terça-feira que as obras de construção da hidrelétrica poderão atrasar se o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) não conceder a licença de instalação para o empreendimento até o fim do mês que vem. O alerta foi dado pelo presidente do consórcio, Victor Paranhos, em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto depois da cerimônia de assinatura do contrato de concessão da usina. A declaração foi feita um dia depois de o ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, dizer que não aceitará ser cobrado pelo empresariado para acelerar a liberação de licenças ambientais se a iniciativa privada atrasar a entrega de documentos. Paranhos reconheceu que o consórcio só entregará parte dos documentos exigidos pelo Ibama até o fim de setembro. O executivo quer, no entanto, que o governo dê antes uma licença específica para a instalação do canteiro, liberando depois o restante da obra. Segundo Paranhos, tal licença preliminar é essencial para que o consórcio dê início às operações antes que o Rio Madeira fique muito cheio. Se isso não ocorrer, argumentou, as condições só voltarão a ser ideais em abril e o início da geração de energia atrasará três ou quatro meses. "O Brasil tem pressa e nós estamos prontos para começar as obras imediatamente. Caso tenhamos a autorização para iniciarmos as obras do canteiro no próximo mês, podemos até convidá-los para a inauguração em 31 de dezembro de 2011, dentro de 1.236 dias", disse o presidente do Energia Sustentável do Brasil durante discurso. "Esperamos começar as obras em setembro", completou. A usina terá potência instalada de 3.300 MW e demandará investimentos de 9 bilhões de reais. As obras gerarão 12 mil empregos diretos e outros 30 mil indiretos, segundo Paranhos Em relação à disputa entre o Energia Sustentável do Brasil e o consórcio que construirá a usina de Santo Antonio, também localizada no Rio Madeira, Paranhos ressaltou que está pronto para chegar a um acordo. "No meu tempo de juventude, minha mãe falava que quando um não quer dois não brigam. Nós não queremos. Nunca brigamos e atacamos ninguém. A Energia Sustentável do Brasil não vai retaliar", afirmou. O governo teme que a disputa, causada pela insatisfação do grupo que construirá Santo Antonio com uma mudança feita no projeto da usina de Jirau, pare nos tribunais. Em entrevista a jornalistas, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, revelou que se reunirá nesta semana ou no início da semana que vem com representantes dos dois consórcios para tentar uma solução para o caso e evitar que uma eventual disputa judicial atrase a construção das duas usinas. O ministro voltou a ameaçar os dois grupos. "Se por acidente o acordo não acontecesse, o governo tomaria a iniciativa de construir as duas obras pela Eletrobrás. As obras começarão dentro do prazo", destacou o ministro. Paranhos evitou a polêmica. "Se ele (Lobão) diz que pode tirar, ele está cheio de razão. Não sou eu que estou aqui para duvidar do que ele diz", desconversou. (Reportagem de Fernando Exman)