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Suíça ou Rússia - bons exemplos não faltam

Por Luiz Aubert Neto
Atualização:

O resultado de uma recente pesquisa (divulgada em 16/9), realizada pelo Fórum Econômico Mundial, que mede a competitividade dos países apresentou um resultado extremamente preocupante, mas não surpreendente, para nós, brasileiros.A colocação do Brasil no ranking é vexatória. Ficamos em 58.º lugar e, para piorar, perdemos duas posições em relação ao ano de 2009 (a pesquisa considerou diversos fatores: ambiente macroeconômico, infraestrutura, sistema financeiro, saúde, educação, gastos públicos, inovação, etc.). O resultado mostra que, quando clamamos por mudanças urgentes na política macroeconômica, não se trata de choro de empresário nem estamos pedindo protecionismo ou reserva de mercado. Estamos, para o bem do País, pleiteando medidas que possam restabelecer a competitividade sistêmica e fazer do Brasil uma nação verdadeiramente desenvolvida.Estamos convictos de que só a exportação de commodities não será suficiente para gerar o superávit necessário no balanço de pagamentos e a quantidade de empregos de que uma nação tão populosa como a nossa necessita.Exemplos a serem seguidos não faltam. Durante a sétima rodada anual do Clube Valdai de Discussões Internacionais, realizada em setembro de 2010, o premier da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que deverá implementar novas reformas econômicas e acelerar a modernização da infraestrutura do país. Putin afirmou que o principal objetivo da Rússia será transformar a economia numa economia baseada na inovação e na exportação de bens de alto valor agregado. Vale ressaltar que a Rússia permanece fortemente dependente de exportações de matérias-primas, em particular do petróleo e do gás natural.Outro bom exemplo é a Suíça. O país não chama a atenção somente pelas belas cidades. Não há dúvidas de que a Suíça é um país inquestionavelmente rico, mas há quem pense que o país, com seus pouco mais de 7 milhões de habitantes, tem a economia baseada apenas na arrecadação proveniente do sistema financeiro e de algumas grandes empresas, como a Nestlé. A verdade é que a base da economia Suíça está nas mais de 350 mil empresas de médio e de pequeno portes, que empregam mais de 3,3 milhões de pessoas (metade da população do país) e que produzem bens de alto valor agregado.Apesar de desenvolvida, a Suíça continua a investir pesadamente para ampliar a sua infraestrutura. A título de exemplo, o país está investindo cerca de 7 bilhões na construção do túnel Gotardo Base (a obra deverá ser concluída em 2017 e será o maior túnel ferroviário do mundo).Nossa intenção, ao trazer os exemplos da Rússia e da Suíça, é mostrar que esses países estão conscientes de que a industrialização e o investimento em infraestrutura são os únicos caminhos para o desenvolvimento. No caso da Rússia, o governo vem elegendo setores e empresas como estratégicos, numa política clara para preservar e fortalecer essas empresas, o que, a nosso ver, está totalmente correto.A mesma postura, por parte do governo brasileiro, se faz necessária e urgente. É preciso eliminar o "custo Brasil", desonerar totalmente os investimentos (federal e estadual), fazer a reforma tributária, acabar com a guerra fiscal entre os Estados, oferecer financiamentos a longo prazo e com taxas de juros honestas e adotar um câmbio minimamente favorável ao setor produtivo.O momento é este, a hora é agora. Ou o governo brasileiro age imediatamente no sentido de dar competitividade à indústria brasileira de transformação ou continuaremos a assistir à invasão do nosso mercado, com consequente perda de empregos no mercado interno. Afinal, que Brasil nós queremos?Nós, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), queremos um país mais justo, com educação, saúde e empregos. Um Brasil forte, competitivo, com crescimento sustentado não só na produção de commodities, mas também na produção de bens de maior valor agregado, capaz de gerar desenvolvimento, empregos e distribuição de riquezas.ENGENHEIRO, É PRESIDENTE DA ABIMAQ

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