Publicidade

Saúde tem de romper travas para evoluir nas boas práticas

Segmento, porém, já desenvolve agenda para a melhoria dos cuidados com as pessoas, ambiente e com a governança

Por Eduardo Geraque
Atualização:

Ao considerar os principais escopos do universo ESG, se de um lado o setor de saúde está mergulhado na questão social, em outras, como meio ambiente e governança, existem várias travas que precisam ser rompidas. Segundo Gonzalo Vecina Neto, especialista em saúde pública, muitas vezes é difícil avançar na área social, uma vez que essa é uma das essências de um bom sistema de saúde. “O que se ouve, com frequência, é: Mas nós já fazemos isso (cuidamos do social)”, disse o especialista, que, entre vários projetos, ajudou na criação e implantação inicial do SUS, no Summit ESG do Estadão.

Apesar dessa dificuldade quase filosófica, mesmo no caso dos hospitais públicos, existe uma agenda em curso voltada para a melhoria dos cuidados com as pessoas (pacientes e trabalhadores), com o meio ambiente e com a governança. 

Gonzalo Vecina Neto; para o especialista em saúde pública,cuidar do lixo hospitalar é um grande desafio. Foto: Werther Santana/Estadão

PUBLICIDADE

“No caso do Estado de São Paulo, existe uma premiação anual da Vigilância Sanitária que foca no monitoramento de dez pontos principais importados do sistema inglês”, explicou. Entre eles, indicadores de governança, resíduos sólidos e alimentação saudável, o que significa, inclusive, engajar todos os fornecedores no processo.

“Uma das questões mais delicadas é a relacionada com os resíduos sólidos”, diz Vacina. Como muitos dos materiais usados em hospitais e instituições de saúde em geral são potencialmente contaminantes, eles precisam ser encaminhados para a incineração ou aterros sanitários. “São materiais, portanto, que não podem ser reciclados ou reutilizados. Mas talvez isso possa ser reconsiderado para várias situações”, avaliou o especialista.

Diálogo

Esse é um dos campos, segundo líderes do setor privado, onde realmente precisa haver um diálogo mais aberto com órgãos como a Anvisa. Principalmente, no sentido de diminuir a quantidade de resíduos que são gerados nas operações diárias.

“Além de conversas mais francas e céleres, existem outros caminhos, como os que seguimos no Grupo Dasa, que também precisam ser estimulados. É o caso da inovação tecnológica, por meio, entre outras técnicas, da impressão 3D”, afirmou Gustavo Pinto, diretor de operações médicas da DASA, no evento. Ainda na área de resíduos sólidos, explica o executivo, a digitalização de exames de imagens é uma ação prática em curso para diminuir a quantidade de lixo gerado pelos hospitais.

Publicidade

Para Paulo Nigro, CEO do Sírio-Libanês, até mesmo o desenho das embalagens de medicamentos usadas no hospital poderia ser repensado para que a geração principalmente de lixo plástico fosse reduzida. “É algo que precisa ser conversado, inclusive, com a própria indústria farmacêutica.” 

O grupo, segundo Nigro, tem desenvolvido políticas bem direcionadas para aumentar a sustentabilidade do hospital. Na expansão desde 2017, o Sírio recebeu o primeiro sistema de coleta pneumática de um hospital na América Latina. São 790 metros lineares de dutos, espalhados pelos 20 andares do prédio até a estação de coleta localizada no subsolo. Resíduos e roupas viajam pelo sistema, o que gera menos gasto de energia e mais qualidade na assistência aos pacientes, segundo os gestores do hospital. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.