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Superávit comercial perde o fôlego

Por Agencia Estado
Atualização:

O dólar mais barato ao longo do ano e a aceleração do crescimento da economia brasileira intensificaram o aumento das importações e já começaram, em maio, a afetar de forma mais clara o desempenho da balança comercial, interrompendo a seqüência de recordes sucessivos. O superávit comercial caiu em maio 12,13% na comparação com o mesmo mês de 2005, fechando em US$ 3,028 bilhões. Os números do comércio exterior ainda são bastante favoráveis, mas em maio foi a segunda vez consecutiva que o saldo ficou menor do que no ano passado. A queda do superávit já tinha sido observada em abril. E pela primeira vez no ano, também o saldo acumulado - de US$ 15,46 bilhões até maio - ficou abaixo do verificado no mesmo período de 2005 (US$ 15,62 bilhões). O superávit acumulado em 12 meses, que chegou à marca recorde de US$ 45,79 bilhões em março, também entrou em trajetória decrescente caindo para US$ 45,01 bilhões em abril e agora, em maio, para US$ 44,57 bilhões. "Começamos a perceber um efeito muito claro da taxa de câmbio e do nível de atividade. Dois fatores que fizeram com que as importações retomassem um ritmo muito forte", avaliou o economista Sérgio Vale da MB Associados. Segundo ele, esse movimento pode ser verificado principalmente no aumento das importações de bens de consumo (duráveis e não-duráveis) e matérias-primas e produtos intermediários, utilizados como insumos pela indústria nacional. "Enquanto a classe alta tem aproveitado a queda do dólar para comprar produtos importados, como automóveis e eletroeletrônicos, a classe mais baixa consume vestuário, calçados e quinquilharias vindas do exterior", disse Vale. Por outro lado, disse ele, as exportações estão perdendo fôlego. De acordo com os números divulgados nesta quinta pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as importações nos primeiros cinco meses do ano chegaram a U$ 27,85 bilhões, com alta de 22,1% em relação ao período janeiro-maio de 2005. No mesmo período, as exportações bateram em US$ 49,46 bilhões, um crescimento bem menor, de 13,8%. Positivismo Na avaliação do secretário de Comércio Exterior do MDIC, Armando Meziat, não há razão para se preocupar com o crescimento das importações, que é positivo para a economia. "Ah meu Deus! A importação está crescendo! Não é ´meu Deus´: é ´que bom!´ Se essa importação começar a crescer de uma forma prejudicial ao interesse nacional existem instrumentos para coibir e neutralizar as práticas desleais e afastar o dano", disse o secretário. Meziat destacou que já havia a expectativa de que em algum momento do ano a balança começaria a sofrer os efeitos da valorização do real frente ao dólar. "Só não posso dizer se esse momento chegou ou não", disse. "Já é esperado que o saldo de 2006 será menor do que o verificado em 2005." No ano passado, a balança comercial registrou superávit de US$ 44,8 bilhões. Neste ano, previu, o saldo deverá ser de US$ 40 bilhões. O secretário ponderou, no entanto, que o comércio exterior foi fortemente influenciado, em maio, pelas greves dos servidores da Anvisa e da Receita Federal, que afetaram o despacho de importações e exportações. "Foi um ponto fora da curva", afirmou. Por isso, destacou, é difícil qualquer análise correta sobre o comportamento da balança ao longo do mês. Ele ressaltou ainda que os resultados de janeiro a maio mostram um desempenho ?pujante? do comércio exterior brasileiro e afirmou ser plenamente factível a meta de US$ 132 bilhões para as exportações.

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