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Superávit comercial pode chegar a US$ 8 bilhões

Por Agencia Estado
Atualização:

A balança comercial poderá fechar o ano com um superávit de US$ 8 bilhões, ainda maior do que a mais recente previsão oficial do governo, de um resultado positivo de US$ 7 bilhões, feita no final de agosto. "Acho possível chegar lá", admitiu nesta terça-feira à Agência Estado o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Roberto Iglesias. A projeção de US$ 8 bilhões coincide com a dos analistas de mercado, de acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central, mas ainda não é oficial. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mantém sua projeção de US$ 7 bilhões para o saldo comercial de 2002. Apesar da cautela do MDIC, a balança comercial vem, sucessivamente, surpreendendo o governo. O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, cortou de US$ 17 bilhões para US$ 15 bilhões a estimativa de déficit nas transações brasileiras com o exterior, e atribuiu a melhora à balança comercial. O déficit de US$ 17 bilhões leva em consideração um superávit nas transações comerciais de US$ 7 bilhões. A projeção mais otimista de US$ 15 bilhões, portanto, embute um saldo comercial ainda maior. Iglesias explicou que o saldo comercial de US$ 8 bilhões é factível, mas o governo é cauteloso porque ainda há fatores que poderão afetar negativamente a balança. Pelo lado das exportações, que mantêm bom desempenho até o momento, apesar da retração na demanda internacional, a dúvida é o que acontecerá com as vendas ao exterior nas próximas semanas, quando passarão a mostrar o efeito da redução das linhas de crédito internacionais ao País. O problema agravou-se a partir de junho, mas o reflexo só aparece na balança comercial 90 dias depois, ou seja, a partir de setembro. Outra dúvida, segundo o secretário, é o comportamento das importações. Historicamente, o ingresso de produtos estrangeiros aumenta de outubro a dezembro, para atender ao crescimento da produção e consumo do fim de ano. "Mas não sabemos se esse padrão sazonal de aumento de importações vai se repetir em 2002", disse o secretário. O mais provável, acredita ele, é que a economia brasileira mantenha ritmo "morno" até o fim do ano. Na sua avaliação, as incertezas no cenário externo e as turbulências no mercado interno dificultam a retomada do investimento e do consumo. Por isso, é provável que o nível de atividade fique estável ou tenha até ligeiro declínio no último trimestre, em comparação com 2001. Nesse quadro, as importações não devem apresentar o crescimento esperado, aumentando o saldo da balança comercial. O desempenho da balança tem sido positivo também por causa da desvalorização do real, que encarece e inibe as importações, enquanto torna os produtos brasileiros mais competitivos no exterior. Há, ainda, fatores estruturais explicando a "virada" da balança: as empresas brasileiras substituíram parte dos insumos importados por nacionais e começam a surgir os primeiros resultados da estratégia de diversificação de mercados empreendida pelo governo e pelo setor produtivo. A queda na estimativa de déficit em transações correntes, porém, não é decorrência somente do aumento do saldo comercial. O dólar caro e a economia em marcha lenta inibem não só a importação de produtos, como também a de serviços. O Brasil gasta menos com contratação de assistência técnica estrangeira e viagens ao exterior. O real desvalorizado também torna pouco interessante a remessa de lucros ao exterior. Além disso, a redução nas linhas de crédito internacionais estimulou empresas multinacionais a converterem seus empréstimos às subsidiárias brasileiras em investimento direto.

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